No Brasil, quatro em cada dez alunos sofrem bullying nas escolas de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) mostrou que 35% das crianças e adolescentes brasileiras estão em quadros de ansiedade ou depressão. O Bullying e transtornos psiquiátricos foram dois dos assuntos levantados dentro do tema “Acolhimento no Ambiente Escolar” no 6º Festival de Curtas-metragens do Colégio Adventista de Porto Alegre (CAPA) que aconteceu na última quarta-feira, 23.

O auditório do CAPA recebeu as turmas do 8º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio para um dos eventos mais esperados do ano para essas turmas. O festival foi a culminação do trabalho realizado pelos alunos e professores durante o mês de agosto em parceria com o projeto Quebrando o Silêncio. Ao total, foram mais de 50 curtas produzidos. Os alunos se dividiram em grupos e fizeram desde o roteiro à atuação em produções de três a cinco minutos. Um dos requisitos foi a obrigatoriedade de legendas nos vídeos, corroborando o compromisso do projeto com a inclusão e o próprio tema, o acolhimento. 

“A nossa intenção maior é evitar situações de bullying e exclusão na escola e incentivar os alunos a terem mais amor ao próximo”, diz pastor Matheus Ferreira, um dos organizadores do projeto. 

O projeto promove temas e ideias de abuso e violência abordados dentro do Quebrando o Silêncio no ambiente escolar de uma maneira lúdica e didática para que os alunos possam colocar o conhecimento em prática. Os estudantes utilizam de ferramentas e habilidades que já gostam e usam no dia a dia como filmagem e edição de imagens e desenvolvem novos talentos, descobrindo outras áreas que os interessam. 

Noite de prêmios

Os pastores Matheus Ferreira e Homero Nascimento assistiram às produções e escolheram doze curtas para serem avaliados pelos cinco jurados na noite do festival. Os títulos finalistas foram O Convite, Fios da União, Quebrando o Silêncio, Racismo, A quebra do silêncio, Laços invisíveis, Visões, Histórias com bullying, Nem tudo é como parece, Entre silêncios e gestos, A esperança é a salvação e O amor ao próximo está em você?. 

Os convidados escolhidos para avaliar os finalistas desempenham funções nas áreas de direção, fotografia e roteiro em suas profissões. Eles analisaram as produções nos quesitos de edição, direção, atuação e roteiro. Os premiados ganharam em cada uma dessas categorias e mais a categoria de melhor curta e o curta da galera, votado pelos próprios alunos. 

Da vida real às telas

Duas das produções receberam atenção especial dos organizadores do projeto ao descobrirem os bastidores dos curtas. Um dos grupos transformou as situações de bullying que os próprios integrantes já sofreram, quando estudavam em outro colégio, em roteiro para o curta-metragem. 

A história por trás de um dos curtas premiados poderia em si se tornar roteiro para um curta-metragem dentro do tema de acolhimento. Pois foi exatamente isso o que aconteceu durante a produção do curta. Quando uma aluna não se encaixou em nenhum dos grupos, o professor a auxiliou e a inseriu em uma equipe que acabou acolhendo a aluna. Esse acolhimento resultou em novos amigos e um dos prêmios no festival de curtas.

“É gratificante ver a dedicação dos alunos na produção. E mais ainda de poder presenciar os alunos praticando exatamente aquilo que estavam aprendendo com a temática do projeto. Isso sim foi o melhor de tudo”, conta Ferreira.