1° Clube de desbravadores indígena de Mato Grosso do Sul realiza primeira cerimônia de admissão
Formado por nenhum adventista, o clube se mantém por meio de um casal de missionários
Os Kadiwéu, conhecidos como "índios cavaleiros", por sua destreza na montaria, guardam em sua mitologia, na arte e em seus rituais o modo de ser de uma sociedade hierarquizada. Guerreiros, lutaram pelo Brasil na Guerra do Paraguai, razão pela qual, como contam, tiveram suas terras reconhecidas e doadas por Dom Pedro II como recompensa por sua bravura e participação na guerra.
À Terra Kadiwéu está no município de Porto Murtinho. Bodoquena é a cidade mais próxima da aldeia maior (60 km), seguida de Miranda, Aquidauana e a capital Campo Grande (310 km).
O Trabalho missionário com os indígenas iniciou em meados da década de 90 através do irmão Antônio Villaba, seguido pela família do irmão Virgílio e outros pessoas da região de Bodoquena.
Leia também.
Professores de aldeia indígena recebem capacitação pedagógica no Araguaia
Homem aprende a dar estudos bíblicos aos 15 anos e hoje ensina outras pessoas
Considerando que os kadiwéus recentemente haviam retirados de suas terras os não indígenas - na década de 90, a introdução de um novo grupo nem sempre era bem-vista ou bem recebida. “Esta fase da evangelização foi marcada por grandes desafios, muitas vezes éramos surpreendidos por ameaças”, conta Villaba.
Como fruto desse trabalho, 26 indígenas foram batizados estabelecendo uma igreja na comunidade. O tempo passou, e o irmão Virgílio adoeceu, impossibilitando a continuidade do trabalho missionário na região.
Em 2009, Hilário de Goes que é adventista, realizou uma visita à tribo para criação de um projeto de agricultura, mas já sabendo das histórias dos pioneiros naquela região, despertou nele e em sua esposa Nair, uma paixão de dar continuidade. “Utilizando nosso único meio de transporte, a moto, decidimos pegar uma marmita de comida e andar cerca de 25 km todos os sábados. Foi desta maneira que começarmos um programa pessoal de evangelização de casa em casa, fazendo amizade e conquistando a confiança da comunidade”, explica Nair.
O projeto de criação do Clube de desbravadores na aldeia surgiu após nove anos de muitos desafios enfrentados pelo casal. Até então, apenas uma pessoa da tribo havia batizado. A igreja Adventista ainda não tinha sido construída, e a forma mais eficaz que o casal de missionários encontrou para que a igreja fizesse a diferença naquele local, foi a criação do clube de desbravadores.
Com o apoio do Pr. Esdras Fernandes, que era pastor do distrito na época, no dia 15/07/2018, ele reuniu um grupo de adolescentes da comunidade, e começou a dar algumas instruções de ordem unida para o grupo com o objetivo de estabelecer um núcleo de líderes nativos.
As atividades do clube de desbravados “Cavaleiros de Cristo”, iniciaram em abril de 2019 com a participação de 25 crianças da aldeia. “Já são quase 13 anos que eu e meu marido damos continuidade na missão nesta comunidade. Posso contar nos dedos os finais de semana que não podemos vir. Ainda tem muita coisa para ser feita, e enquanto Deus nos da força, vamos continuar com a obra d'Ele”, afirma.
Na última terça-feira (02), foi realizada a primeira cerimônia de admissão de todos os desbravadores Kadiwéu. Com a presença do líder dos desbravadores para o Mato Grosso do Sul, Pr. Rafael Felberg, o evento também contou com a presença dos pastores Esdras Fernandes e Raimundo Nonato, além da presença de um dos pioneiros do evangelismo nos anos 90, Antônio Villaba. O clube é formado 100% por indígenas não batizados, mas são grandes os esforços dos missionários para que este cenário em breve seja diferente.