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Agência humanitária adventista também foi atingida no atentado da Somália

Agência humanitária adventista também foi atingida no atentado da Somália

Considerado um dos maiores atentados dos últimos tempos, ato violento na Somália expõe realidade de um país que sofre há muito tempo com guerras civis


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Números sobre mortos ainda estão desencontrados, até porque país vive um misto de insegurança e catástrofes climáticas há muito tempo. Tudo isso dificulta precisão. Foto: Folha de São Paulo

Por Felipe Lemos

O atentado ocorrido no sábado passado, em Mogadíscio, capital da Somália, com mais de 2 milhões e 100 mil habitantes (dados de 2015), ainda repercute em todo o mundo. Segundo algumas agências de notícias, foram 276 mortes confirmadas e centenas de feridos por conta da explosão de um caminhão no centro da cidade. O país precisa de comida, água e doação de sangue em caráter emergencial. O atentado não foi reivindicado, mas as autoridades governamentais afirmam que a responsabilidade foi dos islamitas somalis ligados à organização terrorista Al-Qaeda.

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Um dos alvos da explosão foi, também, o escritório da agência humanitária adventista, a ADRA, localizado perto do local do atentado. Segundo informou o diretor da ADRA Somália, o brasileiro Luiz Camargo - que está há quase 4 anos na atividade - “o nosso escritório foi seriamente danificado devido estar perto de onde o carro bomba explodiu. Tínhamos algumas pessoas no interior da sede, porque ali também funciona a nossa sala de hóspedes. Felizmente ninguém se feriu, e já trouxemos nosso colega de volta ao Quênia (Nairóbi) onde nosso escritório principal está. Temos sete escritórios na Somália e sempre temos incidentes de menores proporçōes, mas com muitos impactos nas nossas atividades”.

É importante compreender que a sede principal da ADRA que responde pela Somália está localizada, por questões de segurança, no Quênia. Regularmente a equipe no Quênia se desloca até o escritório em Mogadíscio (com cerca de 50 trabalhadores) ou para regiões em que há necessidade de intervenção humanitária, sempre com acompanhamento de organismos internacionais como a ONU.

Ajuda prejudicada

A ADRA na Somália não está envolvida diretamente no atendimento às vítimas nesse primeiro momento, como explica Camargo. Ele comenta que há algumas razões para isso. Um dos motivos é o fato de o governo local criou uma área de emergências que trata de dar autorizações a quem pode colaborar como Cruz Vermelha e outras organizações já reconhecidas que prestam ajuda em hospitais e clínicas da capital.

Um outro aspecto que dificulta ainda mais a situação na Somália tem a ver com uma forte seca que castiga a agricultura e a pecuária do país. Falta, por isso, alimentos e águas nos centros urbanos e as pessoas estão entrando em desespero. “O povo já estava estressado devido a esse desastre natural e agora esta mentalmente esgotado devido ao ocorrido de sábado. Os primeiros que estamos atendendo neste momento são os nossos empregados que tiveram família e amigos afetados pelo ataque terrorista”, comenta o diretor da ADRA.

De acordo com Luiz Camargo, não há permissão para que as pessoas acessem o centro de Mogadíscio e isso inclui as próprias organizações humanitárias, como a ADRA, que costumam atuar rapidamente em situações como essa. “O clima está ainda tenso, mas a vida continua. Esse foi o maior ataque na historia do país, mas todos os dias há ataques que não aparecem nos noticiários internacionais e que também exercem um impacto significativo na vida das pessoas”, afirma.

Para o trabalhador humanitária, a percepção de quem vive na região é a de que outros ataques ocorrerão com a intenção de atingir alvos relacionados a organismos internacionais como o governo local e mesmo a ONU. “As ONGs, como a ADRA, sempre sofrem os danos colaterais nesses ataques. Precisamos nos adaptar em um ambiente hostil e muito complexo. Estamos fazendo o nosso melhor para mitigar o sofrimento dos mais necessitados deste país, mas não podemos nos esquecer que estamos em uma país em guerra e que todo cuidado é pouco para com os que trabalham conosco”, ressalta.