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Saúde

Embutidos, carne fresca e vegetarianismo: benefícios e riscos à saúde

Nutricionista explica o perigo de alguns alimentos e como se alimentar bem pode trazer benefícios para a vida.


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Vitória, ES… [ASN] Quem nunca chegou em casa cansado e fez um sanduíche de presunto em um minuto ou foi “salvo” por aquela linguiça que estava há meses no armário? Os embutidos (como presunto, salsicha, linguiça) facilitam o dia a dia das pessoas. Mas, não devem ser utilizados com frequência devido ao seu potencial cancerígeno, conforme divulgou a Organização Mundial de Saúde (OMS) no mês de outubro. O consumo excessivo desses alimentos foi colocado no Grupo 1 de risco de levar ao desenvolvimento de câncer, principalmente o de intestino.  Mas, e as carnes “in natura” e brancas, são saudáveis? Quais os seus benefícios e malefícios?

De acordo com Douglas Moreira, nutricionista da Gerência de Nutrição da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Mestre e doutorando em Nutrição Humana pela Universidade de Brasília, o principal risco à saúde causado pelos embutidos é o câncer, devido aos nitritos e nitratos, que são compostos conservantes. “Além dos conservantes, os embutidos também apresentam outros aditivos (corantes, acidulantes, estabilizantes, etc.) que podem causar alergias e intolerâncias; excesso de sódio, o que aumenta o risco de hipertensão arterial (pressão alta), infarto, derrame e outras complicações cardiovasculares; e excesso de gordura (o dobro da carne in natura)”, afirma.

Carne fresca

O nutricionista aponta que há risco não só nos embutidos, mas também no consumo de carne vermelha. “A carne processada apresenta riscos maiores que a carne in natura, o que não isenta a carne vermelha de riscos à saúde. Diversos estudos mostram que o consumo contínuo de carne vermelha, em quantidades maiores que 50g por dia, aumenta o risco para câncer de cólon e reto. Para comparação, um bife médio tem 100g”, explica.

Segundo ele, a carne apresenta altos teores de gordura saturada e colesterol, cujo consumo elevado traz outros riscos, principalmente doenças cardio e cerebrovasculares. “Já as carnes brancas apresentam, em geral, teores diminuídos de colesterol e gordura saturada que a carne vermelha. Contudo seu consumo também implica riscos advindos principalmente da maneira como o animal é tratado durante sua vida, como o uso abusivo de antibióticos (aves) e contaminação por metais pesados (peixes)”, ressalta.

Entretanto, o nutricionista lembra que as carnes, de um modo geral, são a principal fonte de proteínas na dieta ocidental, bem como fonte de zinco e ferro (carnes vermelhas). “Até mesmo as gorduras saturadas e o colesterol são nutrientes importantes e devem ser consumidos. O problema é o seu excesso. Porém, deve-se salientar que proteína, zinco e ferro também podem ser obtidos a partir de fontes vegetais”, orienta.

Vegetarianismo

De acordo com o especialista, o maior benefício do vegetarianismo não está em deixar de comer carne, mas no maior consumo de vegetais. “Apenas deixar de comer carne e aumentar consumo de batata, por exemplo, pode ser pior que continuar a comer carne. A chave está no aumento da quantidade e da variedade de vegetais consumidos.”

É o que faz a professora Silvana Cardozo de Araujo, vegetariana há 47 anos. “Meus pais me criaram no vegetarianismo e quando cheguei aos 12 anos decidi continuar. Nunca senti vontade de comer carne e hoje também é uma questão de saúde. Nunca tive problema de anemia e nem meus filhos que são vegetarianos de 2ª geração. Todos os dias, faço uma comida bonita e apetitosa. Vario os grãos, proteínas, vegetais crus e cozidos, cereais e frutas. A comida tem que atrair no sabor e na aparência. Meus filhos não reclamam. Pelo contrário, gostam muito”, comenta.

O nutricionista explica que frutas e hortaliças fornecem antioxidantes em abundância, além de fibras. “Estas substâncias protegem o organismo de diversas doenças, principalmente cânceres, doenças cardiovasculares e diabetes. Estudos mostram também que o vegetarianismo promove a longevidade. É importante salientar que nestes estudos, geralmente o vegetarianismo está aliado à abstenção de álcool e tabaco”, ressalta.

Segundo ele, a alimentação vegetariana equilibrada pode fornecer todos os nutrientes, mas alguns requerem atenção especial. “Em crianças e gestantes, deve-se estar atento ao ferro, pois a demanda nessas fases é maior. Hemogramas anuais (para as crianças) podem ser feitos para acompanhamento e um nutricionista deve ser consultado para avaliar a necessidade ou não de suplementação. Procure consumir alimentos fontes, como feijão e beterraba, de preferência aliado a uma fonte de vitamina C (frutas cítricas)”, diz.

Em relação à vitamina B12 (presente apenas em alimentos de origem animal), ele explica que veganos (vegetarianos estritos) precisam de suplementação. Já os ovolactovegetarianos (que consomem ovos, leite e derivados) aconselha-se realizar exame sanguíneo (homocisteinemia) anual para avaliação da necessidade ou não de suplementação.

“Outro importante aspecto do vegetarianismo que deve ser citado é o benefício ao meio-ambiente. Os gases gerados pela pecuária agravam mais o Efeito Estufa que os gases liberados pelos carros. A degradação de florestas e solos também é, em sua maioria absoluta, causado pela pecuária e pela plantação de alimentos para ração animal, em vez de consumo humano. A pecuária também demanda quantidade excessiva de recursos hídricos: para produzir um quilo de carne bovina são necessários 15 mil litros de água. Sem citar os maus tratos e sofrimento animal que são inerentes à indústria da carne”, destaca. [Equipe ASN, Rayssa Santos]