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Doenças falciformes são tema de pesquisa na Faculdade Adventista da Bahia

Pesquisa feita na Bahia poderá ajudar quem sofre de males desse tipo.


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Faculdade está mapeando a doença com moradores da região do recôncavo baiano. Foto: Prefeitura Municipal de Cachoeira

Cachoeira, BA ...[ASN] Resultado de uma mutação genética que altera os glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com uma foice, as doença falciforme se transformou em tema de pesquisa na Faculdade Adventista da Bahia.  A instituição adventista de ensino firmou parceria com a Secretaria de Saúde do município de Cachoeira, BA, para fazer o mapeamento da doença junto a comunidades quilombolas da região. “A importância desse trabalho é o futuro desenvolvimento de um centro de referência de saúde na clínica da faculdade onde futuramente as pessoas diagnosticadas com a doença falciforme poderão ser tratadas”, disse o professor de Genética da faculdade, Wellington Silva.

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Com esta iniciativa, a Faculdade Adventista da Bahia se colocou entre os poucos centros de referência no estado da Bahia a pesquisar a doença. É também a primeira do recôncavo baiano e se dedicar a esta pesquisa.  Todas as terças-feiras do mês de março até agosto, os agentes de saúde estão fazendo o recolhimento das amostras nas comunidades Quilombolas da região.

Alunos do curso de Enfermagem estão envolvidos no processo, colocando em prática os conhecimentos adquiridos na pesquisa. “Essa pesquisa é de grande relevância não só para a nossa vida acadêmica, mas também para nossa vida profissional” ressaltou a aluna de enfermagem Josivania Maria da Silva.

Doenças falciformes são detectadas pelo Teste do Pezinho, feito em recém-nascidos, e confirmadas por meio da Eletroforese de Hemoglobina, exame que revela deformidades nas células. Segundo Wellington Silva, por serem doenças genéticas, não possuem cura, a não ser que haja alteração dos genes através de um transplante de medula óssea, por exemplo. Existem, porém, tratamentos farmacológicos para amenizar e reprimir os sintomas.

O quadro clínico de uma doença desse tipo pode ser sutil, apresentando leves sintomas, ou bastante expressivo. Tais sintomas aparecem a partir do sexto mês de vida, e vão desde dores causadas pela obstrução de pequenos vasos sanguíneos, até inchaço nas mãos e pés, icterícia (coloração amarelada nos olhos devido à alta concentração de bilirrubina no sangue), úlceras, além de maior propensão a infecções.

Origem

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Comunidades quilombolas são as principais áreas pesquisadas pela faculdade. Foto: Prefeitura Municipal de Cachoeira

A mutação genética falciforme teve origem na África, onde fatores geoclimáticos tornaram propício o seu desenvolvimento. No contexto histórico da saída dos negros para outros continentes, ela se espalhou pelo mundo, sendo hoje mais frequentes em populações de predominância afrodescendente. É o caso da Bahia, e especialmente a região do recôncavo baiano. Durante muito tempo, esse tipo de patologia foi encarada equivocadamente devido à falta de informação da população e até dos agentes de saúde. Com o tempo, estudos específicos trouxeram mais conhecimento a respeito.

Wellington contou que ao chegar à região do recôncavo baiano, percebeu a forte presença de doenças falciformes, o que lhe despertou o interesse em estudá-las. A pesquisa já lhe rendeu uma tese de doutorado, e hoje é continuada juntamente com outros profissionais da área da saúde. Além de trabalhar com a população local que sofre dessas doenças, o principal foco do grupo é desenvolver a ETCC (Eletroestimulação Transcraniana com Corrente Contínua). Trata-se de uma técnica não farmacológica para tratamento das dores causadas pelas doenças. Com o apoio da Faculdade Adventista da Bahia e em parceria com a equipe de Neuromodulação da Universidade Federal da Bahia, as pesquisas representam um grande avanço nos conhecimentos sobre a área.

Sobre a detecção de doenças falciformes, Silva ressaltou a importância do diagnóstico preciso. “Por apresentarem sintomas semelhantes aos de outras doenças, como a hepatite ou a anemia, por exemplo, as doenças falciformes são, às vezes, tratadas de forma equivocada, o que pode piorar o quadro de saúde do paciente e até leva-lo à morte”, afirma. É imprescindível que os pais façam o Teste do Pezinho no bebê logo ao nascer e prosseguir caso seja detectada alguma anomalia, com os demais exames. Quanto antes começarem os tratamentos, menos riscos haverá para a saúde e a vida da criança.

O objetivo é trazer o diagnóstico e a informação para as populações mais afetadas, para que essa doença, muitas vezes invisível, seja combatida de forma eficaz. A consciência e a atenção são o melhor e mais rápido caminho para a solução. [Equipe ASN, Heitor Carneiro e Vanessa Arba]

Conheça mais sobre o mapeamento em Cachoeira e confira as comunidades que serão atendidas no mês de abril e maio.