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Após vencer câncer de mama, administradora usa sua história para apoiar vítimas

Aos 45 anos de idade Marley descobriu o câncer de mama e para quem sempre teve riso fácil, enfrentar a doença tornou-se um desafio repleto de contornos e muito aprendizado.


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Campo Grande, MS...[ASN] Ela era mãe, amiga, profissional, avó e tantos outros adjetivos que coubessem. Mas em 2012, a palavra vítima passou a fazer parte de sua história. A administradora Marley Pereira, 49, sobreviveu a um câncer de mama e hoje testemunha sua história para dar força a quem enfrenta o mesmo que ela. “Era uma quinta-feira de agosto quando fui tomar banho após o expediente e fiz o autoexame. Percebi que tinha um nódulo grande no meu seio direito. Foi aí que tudo começou”, conta.

Aos 45 anos de idade Marley descobriu o câncer de mama e para quem sempre teve riso fácil, enfrentar a doença tornou-se um desafio - vencido no final - mas repleto de contornos felizes e muito aprendizado. Entre lágrimas e compaixão por quem vive o que ela já superou, Marley traz à tona um tema tão importante para a sociedade. “Eu me cuidava e fazia todos os exames preventivos e mesmo assim fui pega de surpresa. Mas não tenho dúvidas que a prevenção foi decisiva para a minha cura”, ressalta.

 

Ao descobrir o nódulo, a administradora entrou em contato com sua ginecologista, que solicitou os exames e a encaminhou para um especialista. “Fiz mamografia e ultrassom, mas o médico que me examinou disse que não havia nada. Fui para casa feliz e agradeci a Deus. Mas, na semana seguinte o médico pediu para eu voltar e repetiu a ultrassom. Foi quando ele viu que era grau 5”, explica.

Marley (à direita) e sua filha caçula, Caroline. A família foi fundamental no processo de recuperação da administradora.

Marley (à direita) e sua filha caçula, Caroline. A família foi fundamental no processo de recuperação da administradora.

Dali em diante ela se viu do outro lado. Funcionária do Hospital Adventista do Pênfigo (HAP) há 20 anos, ela estava acostumada a dar força às pessoas que passavam pela instituição em busca de tratamento de saúde. “Quando você entende a gravidade do seu problema, a primeira coisa bacana que acontece é ouvir uma palavra de conforto de alguém que te conhece. Sempre fiz isso pelo outro, e quando aconteceu comigo, logo que recebi o diagnóstico fui à sala de uma amiga e colega de trabalho para desabafar e ela me disse ‘deixa pra chorar depois. Agora nós vamos cuidar de você’”, emociona-se Marley.

Durante o tratamento para combater a doença outra surpresa. “Na capela do hospital onde trabalho, as pessoas estavam reunidas, orando por mim. Foi quando pensei: se essas pessoas estão acreditando em mim, eu também preciso acreditar”, diz.

A fé em Deus que a manteve forte hoje é passada adiante às pessoas que enfrentam o mesmo problema que ela considera um "inimigo vencido".

Após o diagnóstico, segundo Marley, foi feito uma quadrantectomia (retirada parcial da mama) e uma biópsia de congelamento. “Na biópsia eles retiram o que localizaram pelo aparelho e dizem se haverá necessidade de retirar toda a mama. Por isso, mais uma vez reforço a importância do autoexame. Ele não evita, mas possibilita a descoberta da doença no início e aumenta muito as chances de cura”, garante Marley.

No dia da cirurgia outra surpresa direto do céu, como costuma dizer. “Eu estava apavorada quando me internei para operar. Quando entrei no centro cirúrgico, descobri que tinha um grupo de 35 pessoas orando por mim naquele exato momento. Fiquei tranquila e senti uma paz tão grande, como em poucas vezes na vida”, conta.

Após vencer o câncer de mama, Marley testemunha sua história de fé, amizade e apoio familiar.

Após a cirurgia, devido à gravidade da doença, Marley precisou dar continuidade ao tratamento com a quimioterapia. “Nesse período, Deus agiu na minha família e entendi que nada do que passamos é por acaso. Pessoas na minha família que não se falavam há bastante tempo se reaproximaram para me dar forças nesse momento. Colegas de trabalho se mostraram uma verdadeira família e mudaram a visão deles a respeito de muitas coisas. E a partir disso decidi que usaria minha história para aproximar pessoas de Deus”, lembra.

Hoje, em cada oportunidade que tem ela revela sua história para dar apoio a quem passou e passa pelo mesmo problema que ela hoje considera “um inimigo vencido”. “Sempre que vejo um ‘carequinha’ tento dar o meu apoio. Mostro que meu caso era complexo, grave, e mesmo assim hoje estou aqui. Hoje, faço o acompanhamento e todos os meus exames mostram que não há sinal de câncer em meu corpo. Meu oncologista me explicou que o tumor tem vários tamanhos e estágios e o meu já tinha eclodido e espalhado pela corrente sanguínea as células cancerígenas. O tratamento, nesse caso, engloba 75% das células e há a possibilidade de reincidência, mas confio plenamente em Deus. Sei que Ele está comigo”, afirma.

Amizade

Os amigos se mostraram uma verdadeira família e foi quando Marley mais precisou que eles estenderam a mão. “Nosso plano de saúde era corporativo e quando a

doença chega a gente não pensa em nada, apenas em ficar bem. Por conta disso, chegou um momento que eu já tinha R$ 8 mil em dívidas e não tinha mais poupança”, lembra.

Os amigos somaram forças e venderam pizzas para ajudá-la a quitar as dívidas com o tratamento.

Os amigos somaram forças e venderam pizzas para ajudá-la a quitar as dívidas com o tratamento.

Foi quando os amigos somaram forças e venderam pizzas para levantar a quantia que ela precisava para quitar as dívidas. “Eles venderam mais de 400 pizzas. Além disso, os médicos do hospital que compravam as pizzas, familiarizados com a minha situação, também doaram dinheiro para ajudar”, relembra emocionada.

Hoje, ela vive a vida com saúde e o tempo livre que tem dedica às filhas e aos netos, além dos amigos e acredita que acima de toda a ajuda humana que recebeu para superar esse período tão delicado, a força maior veio do alto. “Para vencer o câncer de mama sempre digo isso: Primeiro Deus. A minha fé me ensinou muito nesse momento. Em segundo lugar, sempre falo sobre a importância de se cuidar, de fazer o exame de prevenção. E em terceiro, o apoio e o amor dos amigos e da família. Não existe fórmula mágica e qualquer pessoa está sujeita à doença. Mas o que posso dizer é que minha vida mudou completamente. Consegui alcançar a mão de Deus e a seguro firme até hoje”, finaliza. [Equipe ASN, Rebeca Silvestrin]

Fotos: Marley Pereira