Quebrando o Silêncio reúne mais de 4 mil pessoas em Curitiba
Voluntários ofereceram atendimento a quem passou por um dos locais mais movimentados da cidade
Curitiba, PR... [ASN] A cada sete minutos, uma mulher é violentada no Brasil. Em 2016, o Disque Denúncia (180) recebeu mais de 1 milhão de chamadas. Para estimular a população a dar um basta ao abuso sexual e violência dentro de casa, milhares de pessoas saíram às ruas no último sábado (26). A ideia principal foi incentivar mulheres e crianças a não se calarem diante de qualquer tipo de abuso. Em Curitiba, o evento reuniu mais de 4 mil pessoas em uma manhã inteira de atividades educativas. Nos semáforos foram realizadas blitz e distribuição de revistas e panfletos sobre a realidade da violência doméstica.
Leia também:
- Em 24% dos casos, estupro é cometido por pais ou padrastos
- Mulher que sofreu abuso sexual esquece ódio com ONG para crianças carentes
Quem passou pelo Calçadão da VX recebeu orientação e serviço de saúde. A Defensoria Pública e o Conselho Tutelar levaram atendimento gratuito. Foram oferecidos ainda serviços de atendimento psicológico. O esforço conjunto atendeu centenas de pessoas que buscavam soluções para um drama que afeta muita gente.
Ao longo dos anos, o projeto Quebrando o Silêncio tem oferecido um trabalho preventivo desenvolvido junto às famílias. De acordo com o Núcleo de Violência Doméstica (NVD), por dia, cerca de 50 crianças e adolescentes sofrem algum tipo de abuso sexual. As meninas são as maiores vítimas, e a faixa etária mais atingida é de 4 a 11 anos.
De acordo com Marli Peyerl, líder do Ministério da Mulher da Igreja Adventista para oito países da América do Sul, a campanha “é uma maneira de conscientizar a população a não se acostumar com o mal. Podemos ter famílias mais felizes. E esse é o nosso objetivo. Essa ação, além de ser educativa, é preventiva. Como Igreja queremos ajudar as vítimas a construírem uma nova história”, reforça.
Esta é a 15a edição do Quebrando o Silêncio. A cada ano, a campanha aborda um tema em atual para estimular os cidadãos a não serem passivas diante da violência. “As vítimas precisam falar, denunciar. Ninguém merece viver sofrendo. Somos contra a violência e vamos continuar falando alto para dar um basta e tentar minimizar essa situação na sociedade", ressalta o pastor Williams Moreira Cesar, presidente da Igreja Adventista na região sul do Paraná.
Diante do quadro de agressores, os dados apontam que os abusos partem dos próprios pais ou padrastos das vítimas. O silêncio diante dos casos contribui para a impunidade. "O nosso trabalho é prevenir e combater o abuso sexual. As denúncias devem ser feitas. Queremos quebrar o silêncio para que esses casos de violência diminuam cada vez mais. Só através das denúncias podemos ajudar as pessoas a se libertarem desse mal terrível”, completa Keila Marques, líder do Ministério da Mulher no sul do Paraná.
O Quebrando o Silêncio acontece desde 2002 e conta com publicações distribuídas gratuitamente em português e espanhol. O trabalho de conscientização tem contribuído para reduzir o número de vítimas. Para mais informações, acesse: quebrandoosilencio.org [Equipe ASN, Kívia Henning]