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Ex-piloto testemunha sobre a vida de missionária

Em seu dia a dia, jovem também utiliza a atual profissão para falar de Cristo a outras pessoas.


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Campo Grande, MS... [ASN] No auge da fama ela era reconhecida nacionalmente e estampava capas de sites, jornais e revistas Brasil afora. A publicitária Fabia Siqueira, que recentemente completou 31 anos, tem uma história de vida de quem que já viveu anos a fio.

Nascida em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, ela vem de uma família de empresários. O pai dela, por 27 anos foi dono da maior revendedora de veículos seminovos e usados do Estado, empresa essa que levava o sobrenome da família. “Foi ele quem criou o ‘feirão de veículos’”, conta Fabia.

Fabia Siqueira alcançou fama nacional através do automobilismo. Hoje, dedica-se ao evangelismo e usa sua história de vida para o trabalho missionário.

Fabia Siqueira alcançou fama nacional através do automobilismo. Hoje, dedica-se ao evangelismo e usa sua história de vida para o trabalho missionário

Sua família era adventista, mas quando a jovem tinha quatro anos, seus pais, segundo conta, deixaram de frequentar a igreja. “Sempre estudei em escola adventista e, por influência dos amigos da escola, continuei a ter certo contato com a igreja. Mas, quando entrei no Ensino Médio, passei a trabalhar com meu pai e para conseguir ajudá-lo na empresa em período integral saí do colégio adventista e passei a estudar à noite”, lembra. Neste período, a jovem perdeu completamente o vínculo com a Igreja.

Automobilismo

Desde muito cedo Fabia esteve envolvida no meio dos negócios da família e como o pai sempre organizou eventos voltados para a revenda de carros, o meio automobilístico chamou a atenção. “Com 14 anos ganhei meu primeiro carro e comecei a competir na categoria ‘Hot Fusca’, uma competição nacional, mas que a princípio, eu só participava do circuito estadual. Comecei por hobby, mas de cara tirei o 2° lugar na competição e então, decidi ir além e comecei a correr a categoria ‘Pick-Up Racing’ e no lugar do fusca, passei a competir de S-10”, conta.

O que ela e Ayrton Senna têm em comum

O primeiro carro de corrida de Fabia, o Fusca que lhe rendeu o apelido de "Penélope" das pistas, no auge do sucesso.

O primeiro carro de corrida de Fabia, o Fusca que lhe rendeu o apelido de "Penélope" das pistas, no auge do sucesso

Nessa fase Fabia já competia nacionalmente e por ser a única mulher piloto chamou a atenção da mídia. “A mais famosa rede de televisão brasileira passou a me incentivar a correr e comecei a participar de programas de automobilismo dividindo espaço com grandes nomes do cenário artístico, além de apresentar shows de artistas famosos, entre outras portas que se abriram. Comecei, então, um projeto para correr a Stock Car, pois precisava de patrocinador porque essa categoria é extremamente cara”, explica. Foi então que uma famosa revista masculina a procurou e se interessou em fazer uma matéria com a piloto. “Eles me procuraram e me pediram para voltar a correr e nessa época, como eu havia retornado a Campo Grande, a única competição nesse meio era a de Kart”, explica.

Ela conseguiu patrocinadores e adquiriu um Kart, que foi entregue ao famoso “Tchê”, preparador do Kart do Senna. “Esse foi o auge, estávamos em matérias nacionais, em canais de TV com alcance nacional e contando com o respaldo e profissionalismo do melhor preparador do país”, relembra.

Crise e prisão

Em 2008, com a crise atingindo diversos setores da economia do país, a loja de veículos referência da família decretou falência e, com isso, teve início uma série de acontecimentos que levou a um dos piores momentos da vida da família Siqueira.

Acostumada a sair na mídia pela fama no automobilismo, em 2008, Fabia e sua família foram alvos da imprensa pelo escândalo da falência da revendedora de veículos da família.

Acostumada a sair na mídia pela fama no automobilismo, em 2008, Fabia e sua família foram alvos da imprensa pelo escândalo da falência da revendedora de veículos da família

Antes ocupando as manchetes pela tradição em revendas de veículos e através da fama da piloto da família, agora, eles estampavam os jornais pela acusação de estelionato e formação de quadrilha. “Meu pai tinha clientes muito influentes tanto no meio político, quanto na sociedade campo-grandense. Com a falência da loja, alguns desses clientes quiseram prejudicar a minha família. Minha mãe já havia voltado a frequentar a igreja e vez ou outra eu costumava ir com ela. Em um desses dias eu precisava fechar a folha de pagamento dos funcionários da loja e orei a Deus pedindo uma direção. Foi quando senti que para ajudar minha família, precisava vender o kart”, conta. Embora, o Kart fosse a passagem de Fabia para o automobilismo nacional, ela não pensou duas vezes e decidiu obedecer a Deus. No mesmo dia, o Kart foi vendido e ela conseguiu suprir algumas necessidades da empresa. “Foi uma resposta imediata de Deus”, emociona-se.

Logo em seguida, ela e seu pai voltaram a frequentar a Igreja Adventista do Sétimo Dia e foram batizados, no mesmo período em que a loja fechou. “Enquanto alguns antigos clientes e a mídia difamavam a minha família, espalhando que tínhamos dado um golpe, nós dependíamos das cestas básicas que recebíamos da igreja, tamanha era nossa dificuldade”, desabafa.

Hoje, Fabia é colportora da revista Vida e Saúde para o Mato Grosso do Sul e costuma testemunhar sua história em diversas igrejas e eventos.

Hoje, Fabia é colportora da revista Vida e Saúde para o Mato Grosso do Sul e costuma testemunhar sua história em diversas igrejas e eventos

Tempos depois, Fabia foi para o Centro Universitário Adventista de São Paulo Campus Engenheiro Coelho  (Unasp) para dar continuidade aos estudos e aproximadamente um ano após os escândalos, o diretor a procurou no estágio com um delegado e uma investigadora, ambos de Campo Grande. “Eles disseram que tinham um mandado de prisão em aberto para mim. Vim do Unasp para Campo Grande na viatura da polícia e quando cheguei vários jornalistas me esperavam na porta da delegacia”, diz.

Chegando à delegacia a mãe e a irmã de Fabia já estavam presas. "No total, permaneci cinco dias na cadeia, minha irmã ficou 11 dias, meu pai 12 e minha mãe 18 dias”, conta.

Um ano depois a liberdade do pai de Fabia foi revogada e ele voltou ao presídio. Lá, o ex-empresário passou a dar estudos bíblicos aos presidiários e tornou-se capelão do local. Ele chegou a evangelizar um dos maiores traficantes do Estado, que hoje, aguarda pelo batismo e que ao pai de Fabia deixar a prisão assumiu a responsabilidade de capelão, dando continuidade aos estudos bíblicos com os detentos.

Nova vida

Hoje, Fabia é publicitária, casada com um comerciante local e é representante da revista Vida e Saúde para o Mato Grosso do Sul. “Toda a minha família retornou à igreja. Usamos toda a nossa história unicamente para servir a Deus, doando nossas vidas como gratidão a Ele. Tenho procurado, em tudo o que faço, envolver a Palavra de Deus. Em 2013, me casei em uma festa para aproximadamente 150 convidados – a maioria não adventista. E como ‘lembrança’ da festa, entregamos aos convidados um envelope com um livro e um DVD ‘A Única Esperança’, junto com uma garrafinha de água personalizada com o versículo 13 do capítulo 4 do livro de João: ‘Quem beber desta água terá sede outra vez, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede’”, ressalta.

Atualmente, Fabia frequenta a igreja adventista da Alvorada, em Campo Grande e está à frente do trabalho missionário no Estado.

Atualmente, Fabia frequenta a igreja adventista da Alvorada, em Campo Grande e está à frente do trabalho missionário no Estado

Da fama e uma vida sem limitações financeiras, Fabia experimentou a humilhação e também a falência. De tudo isso o que fica segundo ela, é uma certeza: “O mundo lá fora prega a fama, o glamour, o dinheiro como motivo da felicidade. Mas, posso dizer com todas as letras que pessoas que vivem dessa maneira não sabem de onde vieram e nem para onde vão. Quando perdemos tudo, como aconteceu comigo e com minha família, o que fica são  experiências e a lição de que sem Deus não somos nada. Tínhamos uma vida muito confortável, financeiramente falando, mas com as dificuldades aprendemos a depender de Deus. Hoje, minha oração diária é colocar minha vida em Suas mãos, entregando a Ele a direção, pedindo que Ele seja o ‘piloto’ da minha existência”, enfatiza, fazendo uma espécie de trocadilho com a função que lhe rendeu fama nacional. "Hoje, minha família e eu nos preparamos diariamente para a volta de Jesus e buscamos falar de Cristo em todos os lugares”, conclui. [Equipe ASN, Rebeca Silvestrin / Fotos: Arquivo Fabia Siqueira]