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Morador de rua volta para casa com ajuda do Impacto Esperança

Revelação inesperada emocionou voluntários que participavam do programa na serra gaúcha


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Em menos de duas semanas após o programa, Carneiro começou uma nova vida ao lado da sua família em São Paulo

Caixas do Sul, RS... [ASN] Foi durante uma ação do Impacto Esperança, em 14 de maio, que jovens da igreja adventista do sétimo dia de Caxias do Sul, no interior gaúcho, foram surpreendidos pela revelação de um homem maltrapilho que vivia nas ruas e os fez entrar em uma missão inesperada.

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O grupo se reuniu em uma praça da cidade para entregar exemplares do livro Esperança Viva.  Por volta das 10h30, quem passava próximo ao comércio do bairro São Pelegrino era presenteado com abraços e a literatura, até que alguém gritou: “É fácil abraçar quem está cheiroso. Quero ver abraçar quem está na rua, fedido”. A crítica veio de um rapaz barbudo, descabelado e com roupas sujas, que observava tudo de longe, enquanto se aquecia bebendo cachaça. “Estava olhando eles cumprimentando apenas pessoas bonitas e limpas. Fiquei chateado com aquilo”, explicou o homem, que era morador de rua.

Os participantes o chamaram para conversar, mas ele deu as costas e foi embora. “Ficamos nos questionando o motivo da reação daquele rapaz. Mas depois disso, nos reunimos para fazer uma oração de agradecimento a Deus pelos sorrisos e abraços ali recebidos”, lembra Francielle Mombach, que fazia parte do grupo.

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Jovens apresentavam cartazes, sorriam, abraçavam, e entregavam livros para quem passasse pela praça

Instantes depois, o rapaz voltou e se aproximou dos jovens, que o abraçaram. Logo, ele pediu: “Posso tocar algo no violão?” Ao pegar o instrumento, começou a dedilhar notas musicais conhecidas pelos adventistas. Era a música “Getsêmani”, do cantor Leonardo Gonçalves. O mendigo improvisou um medley – uma combinação de várias canções. Enquanto o hino ganhava forma no violão, as lágrimas rolavam pelos rostos dos ouvintes.

Fábio Bernardo Carneiro, de 35 anos, perdeu a alegria de viver, cedeu ao mundo das drogas e foi morar ao relento. Longe de casa e da família, naquele momento sua mente o levou para São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, onde vivia com a família.

Nova oportunidade

– Essas são musicas da nossa Igreja. De onde você as conhece? – perguntou um dos que ali estavam.

– Vocês são adventistas? Eu sou ex-adventista! - Carneiro contou, espantado.

A revelação emocionou a todos, que imediatamente o abraçaram. Depois de ouvir sua história, o convidaram para ir ao culto na quarta-feira. "Se você for, certamente vamos te levar para casa", prometeram. No dia combinado, todos estavam lá, o aguardando com um jantar especial e ansiosos para ver se ele iria à igreja.

Quando o relógio marcou 19h30, Fabio entrou no templo, bem no momento em que os fiéis cantavam hinos. A música que estava tocando era “Alvo Mais que a Neve”, que fala sobre o sacrifício de Jesus, capaz de limpar a vida do ser humano e deixá-la tão branca e pura quanto a neve.

Aos poucos, os amigos que Carneiro fizera no sábado foram se aproximando e o abraçando. Um deles tirou a blusa nova que estava usando e entregou para ele. Depois de receber carinho, refeição, roupas quentes e a promessa que voltaria para sua casa em breve, ele foi levado para um hotel.

De volta para casa

Ele já estava há meses nas ruas. O último banho que tomara foi há seis dias. Enquanto se barbeava, lembrava de toda sua trajetória até ali. Tinha deixado a Igreja há alguns anos. Se envolveu com tráfico e contrabandeou drogas para o exterior, até que foi preso.

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No saguão de embarque, o ex-morador de rua (ao centro) despediu-se dos amigos que o acolheram

Depois de ser solto, passou por diversas dificuldades e frustrou-se inúmeras vezes, até virar usuário de crack, quando foi morar nas ruas. Perambulou de cidade em cidade à procura de trabalho, de um lugar para recomeçar, porém, sempre fracassava. Chegou em Caxias do Sul, onde se alimentava de comida do lixo, consumia drogas e bebia – quando conseguia alguns trocados.

Fábio ficou sob os cuidados da igreja por uma semana. Depois de ter sido encontrado, os adventistas da cidade conseguiram comprar uma passagem aérea para que pudesse voltar para casa. No dia 22, na zona de embarque do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, os jovens entenderam que um abraço dura muito mais que um momento e pode mudar vidas.

Na despedida, as lágrimas eram de alegria por saber que a vida do amigo estava ganhando um novo rumo. Em São Paulo, ansiosa, a família dele aguardava sua chegada. Depois de reencontrar o filho, Carlos Carneiro revelou. “Foi uma emoção sem fim. Fazia seis meses que não o via. Estávamos orando muito e a igreja estava intercedendo também para que Deus o trouxesse de volta”, destaca.

Agora, Fábio está morando com os pais e quer voltar à igreja e levar para outras pessoas o mesmo carinho que recebeu na cidade gaúcha. [Rafael Acosta, com colaboração de Andréia Silva e Francielle Mombach]