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Primeiro adventista do Brasil amplificou alcance da mensagem que abraçou

Guilherme Stein Jr. ajudou a moldar a Educação Adventista e o Ministério de Publicações no País.


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O jovem Guilherme Stein Jr. (à direita) ao lado da esposa e da filha. Na ocasião, ele estava com os sogros e cunhados (Foto: Arquivo / Ruy Vieira)

Apesar de ser um personagem pouco conhecido, a história da Igreja Adventista no Brasil seria escrita de forma diferente sem a figura de Guilherme Stein Jr. Nascido em 13 de novembro de 1871 na cidade de Campinas, no interior do Estado de São Paulo, filho de imigrantes suíços e alemães, o então ferramenteiro foi batizado em abril de 1895 em Piracicaba e tornou-se o primeiro adventista do sétimo dia no País.

Após um aprofundado estudo da Bíblia, Stein Jr. entendeu a relevância e a necessidade da guarda do sábado e começou a observá-lo. Depois de se casar com Maria Krähenbühl, soube que a avó de sua esposa havia adquirido o livro Der Grosse Kampf de colportores adventistas que estiveram em Piracicaba, que possivelmente seriam Albert B. Stauffer e Albert Bachmeyer, como descreve Ruy Carlos de Camargo Vieira em Vida e obra de Guilherme Stein Jr.: raízes da Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil.

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“Avidamente, Guilherme Stein Jr. dedicou-se à leitura daquele interessantíssimo e inspirado livro, o qual proporcionou uma visão ímpar do grande conflito universal entre o bem e o mal, despertando-lhe maior interesse por mais literatura adventista”, revela Vieira na página 135. Nas notas de rodapé da mesma lauda, o autor esclarece que “em português esse livro foi editado posteriormente com o título O Conflito dos Séculos, tendo sua primeira tradução efetuada pelo próprio Guilherme Stein Jr.”

Seu fascínio pela mensagem adventista continuou e ele então fez contato com William Henry Thurston, que representava os editores do livro no Rio de Janeiro, para que lhe enviasse outros materiais. Thurston viera dos Estados Unidos como missionário, bancado por si mesmo, para abrir um depósito das literaturas na então capital da República com o propósito de despachá-las para outras partes do País. Posteriormente, Jr. recebeu a visita dos pastores Frank Henry Westphal e Albert Stauffer, e seu batismo ocorreu no rio Piracicaba, por imersão, realizado por Westphal.

Contribuição para o crescimento do adventismo no Brasil

A imagem de junho de 1909 foi tirada durante o primeiro Curso de Colportagem realizado em território nacional. Guilherme Stein Jr., sentado, é o terceiro da direita para a esquerda.

A imagem de junho de 1909 foi tirada durante o primeiro Curso de Colportagem realizado em território nacional. Guilherme Stein Jr., sentado, é o terceiro da direita para a esquerda. (Foto: Divulgação)

Depois de ter aceitado a fé adventista, Stein Jr. trabalhou para que outros também a conhecessem, a qual chegou a diversos de seus familiares. No entanto, com o passar do tempo, sentiu o desejo de dedicar-se integralmente a anunciá-la a outros. Assim, aos 25 anos ele tornou-se um colportor e começou a vender livros religiosos de porta em porta na cidade de Santa Bárbara [d’Oeste], nas colônias americanas onde viviam aqueles que emigraram para cá após a Guerra da Secessão, também conhecida como Guerra Civil Americana.

Na época, a literatura estava disponível apenas em inglês e alemão, línguas em que ele era fluente, além do português. O único título existente no idioma nacional era um traduzido nos Estados Unidos com o nome Passos a Cristo (atual Caminho a Cristo), “em mau português”, como reproduz Vieira a partir de uma das anotações de Stein.

Biografia do pioneiro é contada em 224 páginas e traz detalhes de suas atividades em prol do crescimento da Igreja Adventista no País.

Biografia do pioneiro é contada em 224 páginas e traz detalhes de suas atividades em prol do crescimento da Igreja Adventista no País.

Já em 1896, Guilherme aceita outro desafio: mudar-se para Curitiba, no Paraná, para ingressar no magistério. Ele lecionaria no Colégio Internacional, o qual ajudou a fundar e foi o primeiro diretor. Em setembro de 1897, ele e a esposa seguiram para Gaspar Alto, em Santa Catarina, para criar a primeira escola adventista brasileira. Mas no fim de 1899, mudam-se para ao Rio de Janeiro para iniciar a publicação do primeiro periódico adventista do sétimo dia em língua portuguesa, que viria a ser conhecido como O Arauto da Verdade.

Pelo trabalho evangelístico que Stein Jr. também desenvolvia, a sede mundial da Igreja o nomeou como o primeiro ministro brasileiro licenciado. Por volta do ano de 1903, voltou à área educacional para trabalhar no Colégio de Taquari, no Rio Grande do Sul, local em que permaneceu pouco tempo.

Em 1904, a família Stein mudou-se para Rio Claro, no Estado de São Paulo, para que Guilherme se recuperasse de um esgotamento físico e mental. Foi dali que ele continuou a colaborar com as publicações até que fosse morar, em 1908, em São Bernardo do Campo, local para o qual fora transferida a Sociedade Internacional de Tratados, hoje Casa Publicadora Brasileira (CPB).

Ele permaneceu ali até sua aposentadoria, em 1918. No início das publicações adventistas em território nacional, os materiais eram rodados na Typographia e Lithographia Almeida Marques & Cia., no Rio de Janeiro, já que a Igreja Adventista no Brasil não possuía equipamentos para isso. Foi em 1904, no Colégio de Taquari, que as atividades com uma imprensa própria começaram.

Estudos aprofundados

Stein Jr. também colaborou não apenas com a tradução de obras como Vida de Jesus e O Conflito dos Séculos, mas com a de hinos que compuseram os primeiros hinários adventistas. Em 1919, já aposentado, ele publicou o primeiro livro denominacional de um autor adventista brasileiro, intitulado O Sábado, em que ressalta a importância desse dia. Autodidata, Guilherme falava cerca de 40 idiomas e passou a se interessar pela questão científica entre criacionismo e evolucionismo, que o levou a pesquisar o monogenismo linguístico.

Depois de sua aposentadoria, Stein Jr. também dedicou-se ao ensino de idiomas, como mostra este documento, datado de 1934.

Depois de sua aposentadoria, Stein Jr. também dedicou-se ao ensino de idiomas, como mostra este documento, datado de 1934. (Foto: Arquivo / Ruy Vieira)

“[...] despedindo-se da Redação em S. Bernardo”, descreve Ruy Vieira na página 199 de seu livro, “passa agora Guilherme Stein Jr. a aprofundar seus estudos referentes a esse assunto do monogenismo linguístico, dedicando-se ao estudo comparativo de línguas antigas, como o sumério, de línguas indígenas americanas, e de línguas clássicas como o sânscrito, o hebraico, o grego e o latim.” Como fruto desse trabalho vieram publicações sobre a origem comum das línguas e das religiões.

Depois de anos de pesquisas e produção editorial, Stein Jr. foi acometido pela gripe asiática, à qual não resistiu, e veio a falecer no dia 5 de outubro de 1957 na casa de um de seus netos, em Artur Alvim, na cidade de São Paulo. Em janeiro de 1958, a Revista Adventista publicou um tributo àquele que contribuiu significativamente para que a denominação chegasse ao que era (para acessar a matéria, clique aqui, visite o acervo histórico do periódico e leia a página 38 da edição de janeiro de 1958).

Hoje, os livros de autoria de Guilherme são editados pela Sociedade Criacionista Brasileira (SCB) e podem ser encontrados aqui. Para mais detalhes sobre a biografia de Guilherme Stein Jr., acesse a Enciclopédia Adventista do Sétimo Dia.