Educação Adventista sul-americana completa 120 anos com foco na missão
1º Congresso online reuniu 17 mil participantes e enfatizou compromisso com a eternidade.
Brasília, DF... [ASN] Tudo começou quando um professor de Educação Física decidiu que não queria ser apenas um professor de Educação Física. Ele então resolveu usar parte do horário dos treinos de futebol feminino para realizar uma classe bíblica com as alunas. “Meu objetivo era oferecer algo a mais para elas. Algo que realmente fizesse a diferença”, explica Marcos Santos, que leciona no Colégio Adventista de Taguatinga, no Distrito Federal, desde 2006.
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A estudante Sâmia Matos, de 15 anos, é um dos resultados deste trabalho. Ela descreve que quando ingressou no Colégio não se importava com o tema religião. Mas ao começar a participar dos treinos, e consequentemente dos estudos, se interessou tanto a ponto de ser batizada. Mas sua história não terminou aí. Por sua influência, outras duas pessoas também seguiram seu exemplo. Além disso, ela formou uma dupla missionária que levou mais duas meninas à mesma decisão.
Sâmia tornou-se discípula e resolveu discipular. Com isso, mais um fruto foi colhido na tarde deste sábado, 25, quando Isabelle Rodrigues, de 15 anos, manifestou publicamente seu desejo de seguir a Cristo durante o 1º Congresso On-line Sul-Americano da Educação Adventista, que celebrou os 120 anos desde o início do sistema educativo no território.
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Com um começo simples na Argentina, e posteriormente com sua expansão para outros lugares do continente, a Educação Adventista sempre buscou exatamente isso: ensinar com excelência, mas também educar para a eternidade. “Essa obra foi iniciada por causa de nossa missão e ela tem que terminar por causa dessa mesma missão”, enfatiza o pastor Erton Köhler, presidente da Igreja Adventista para oito países da América do Sul.
Durante dois dias, professores, gestores e funcionários da rede de educação adventista estiveram reunidos em uma grande sala de aula graças à internet. Apesar de estarem espalhados por centenas de lugares, os cerca de 17 mil participantes acompanharam as mesmas lições que buscaram fortalecer seu compromisso com um ensino diferenciado dos demais centros educacionais.
“Nós temos uma teoria sólida com mais de dois mil anos de idade. Sabemos exatamente o que queremos, com base nos escritos da Bíblia e Ellen White, para preparar o jovem para o futuro profissional, mas também para ser cidadão do céu”, destaca o professor Adolfo Suárez, que também tem sua vida interligada à Educação Adventista e foi um dos palestrantes do congresso. De acordo com ele, antes de ter conceitos filosóficos, sociológicos e teológicos, a origem desta educação é bíblica.
Interatividade
Por ser online, o programa contou com a participação de educadores reunidos em auditórios e salas de aula em todos os oito países sul-americanos. Das diversas atividades, teve até a reinauguração ao vivo do Colégio Adventista de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Além disso, eles foram estimulados a publicar fotos nas redes sociais, por meio da hashtag #EA120, dos locais em que estavam concentrados, o que gerou uma significativa quantidade de postagens relacionadas ao assunto. Foram mais de 19 mil mensagens no Twitter e quase 2.500 fotos publicadas no Instagram.
Para ajudar a fortalecer a Educação Adventista em outra região do mundo, os congressistas foram convidados a colaborar com um dos projetos mundiais da Igreja Adventista, que é a construção de uma escola na Mongólia, país que neste trimestre será beneficiado com parte das ofertas do 13º sábado da Escola Sabatina. O presidente da Igreja Adventista naquela região, pastor Elbert Kuhn, enviou um vídeo em que pontuou as necessidades do local e o sonho de ver o crescimento da obra adventista no território. Por isso, na América do Sul, cada participante foi desafiado a colaborar com, pelo menos, um dólar que seria enviado para lá. No final do dia, veio o resultado: foram arrecadados 59 mil dólares, com um apoio especial de uma das sedes administrativas da Igreja.
Embora o doutor Luis Schulz, diretor associado do departamento de Educação da Igreja Adventista mundial, tenha destacado alguns dos desafios da Educação Adventista no cenário atual, o jornalista Michelson Borges, editor da Casa Publicadora Brasileira, complementou o assunto ao destacar outro ponto: o ensino do criacionismo. De acordo com ele, apesar de gerar um debate extenso, este assunto faz parte da identidade adventista e define a crença em um Deus criador. E, portanto, precisa ser debatido na sala de aula com uma visão crítica para fortalecer as bases bíblicas e científicas que evidenciam o tema.
É por isso que a rede educacional adventista estimula os alunos a ter autonomia de pensamento e não a apenas reproduzir aquilo que ouviram. “Se nós nos calarmos, quem falará sobre aquilo que acreditamos?”, questiona Borges ao lembrar que os adventistas são os únicos que creem na criação do mundo em seis dias literais.
De olho na eternidade
A professora Rosilene Carmo sabe bem disso e tem falado sobre o assunto ao longo de sua carreira. No currículo já são 40 anos de vida dedicados à Educação Adventista e a levar pessoas a conhecer mais do que as disciplinas ensinadas em qualquer outra escola. Em todo esse tempo, suas maiores conquistas foram aproximar pais e alunos de Cristo, o que ela considera como um ministério. “Tenho dedicado minha vida a essa missão. Meu coração arde porque acredito nessa filosofia”, frisa. Depois de passar por várias funções, ela atua há 33 anos como coordenadora. E não pensa em parar tão cedo. “Enquanto tiver fôlego, e me deixarem continuar, estarei aqui.”
O professor Edgard Luz, que hoje coordena o departamento de Educação da Igreja Adventista em oito países sul-americanos, lembra que cada docente e funcionário têm um papel fundamental não apenas nesses 120 anos, mas na construção do futuro. Afinal, são 870 instituições e 307 mil alunos sob a tutela de quase 20 mil professores somente nesta localidade. “Os educadores precisam ser como discípulos. Isso é um canal de discipulado. E essa filosofia que construiu essas 12 décadas é o que nos leva a olhar para a eternidade. Não estamos celebrando um recorte da História, mas sim celebrando a missão que temos e construindo pontes para o futuro”, ressalta.
E quando o assunto é salvação, Marcos, que além de dar aulas de educação física resolveu montar uma classe bíblica com as meninas do futebol, assegura que o maior prêmio que tem conquistado como profissional é ver pessoas caminhando rumo ao céu por causa de um conteúdo que nenhuma outra escola oferece. [Equipe ASN, Jefferson Paradello]
O programa completo pode ser visto aqui:
https://www.youtube.com/watch?t=7324&v=YnCjVls9x08