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Livro educativo e religioso para surdos é lançado na região Sul de São Paulo

São Paulo, SP...[ASN] Você, em algum momento da vida precisou se comunicar com uma pessoa surda? Se a resposta for positiva, como foi a sua reação e trocas de informação? Apesar de não representar um número expressivo se comparado ao número de habita...


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São Paulo, SP...[ASN] Você, em algum momento da vida precisou se comunicar com uma pessoa surda? Se a resposta for positiva, como foi a sua reação e trocas de informação? Apesar de não representar um número expressivo se comparado ao número de habitantes no país, os surdos - pessoas que já nasceram sem ou perderam 100% da audição – correspondem a 0,2% da população brasileira, de acordo com o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Chega a ser curioso e impressiona a forma como as informações são transmitidas, por meio de gestos, sinais acompanhados ou não de som. Um dos meios mais eficaz de comunicação utilizado pelos surdos é a Libras, Língua Brasileira de Sinais. No entanto, para estabelecer uma conversa, expressar sentimentos e ideias é intrínseco o uso da linguagem corporal e o uso enfático das expressões faciais.

Mesmo sendo cidadãos comuns, muitos surdos enfrentam a discriminação. Contudo, na luta contra o preconceito, iniciativas altruístas e conscientes em favor de uma sociedade melhor estão sendo colocadas em prática. Grupos de pessoas interessadas e dispostas em ajudar têm dedicado tempo e desenvolvido projetos de inclusão e responsabilidade social.

Inclusão

Elias e Jackeline são casados e coordenam juntos o ministério dos surdos      há mais de 10 anos

Elias e Jackeline são casados e coordenam juntos o ministério dos surdos há mais de 10 anos

A fim de integrar os surdos na sociedade, foi criado na zona sul de São Paulo, o Ministério dos Surdos que, há mais de 15 anos, realiza um trabalho de inclusão, sociabilização e educação cristã. ”A gente tem um projeto de integração. O objetivo é que os surdos sintam-se acolhidos e atuantes no meio em que vivem, inclusive junto aos ouvintes”, declara Jackeline Mennon Fernandes, assessora do ministério dos surdos no Estado de São Paulo.

Os encontros evangelísticos são realizados regularmente aos sábados, no templo da Unasp, campus São Paulo. Além da programação religiosa, existe uma classe exclusiva, onde os surdos estudam e explanam de maneira informal assuntos e valores ligados à Bíblia e, com a participação de adeptos, compartilham experiências.

O lugar recebe surdos de diversos lugares de São Paulo e regiões do País. Thiago Gomes dos Santos, por exemplo, mora na cidade de Barueri, na capital paulista. Após ser acometido pela meningite, ele perdeu audição. No entanto, a limitação não o fez desistir de apresentar a mensagem de esperança a outras pessoas.

Há 14 anos, Santos realiza um trabalho com os surdos na Igreja Adventista do Sétimo Dia de Barueri. “Tenho como missão ajudar outras pessoas que se encontram na mesma situação que eu. Fico feliz em acompanhar o crescimento, desenvolvimento e o interesse da igreja em apoiar os surdos”, afirma.

Hoje, ele trabalha em um restaurante. “Antes a nossa comunicação não era tão fácil. Aos poucos fui ensinando o meu supervisor a Libras e hoje nos entendemos”, declara.

Projeto educativo

Para Marco Arriens, pastor e intérprete internacional “um dos maiores desafios no universo surdo além da falta de intérpretes é a escassez de materiais educativos nesse segmento”.

Foi em meio a essa realidade, que o intérprete Elias Fernandes pensou em produzir um livro com conteúdo cristão que contribuísse para o aprendizado dos surdos e o incentivo à população ouvinte em ter acesso a Libras de forma lúdica. “Em uma oficina de interpretação percebemos que não havia literatura para surdos e principalmente para as crianças. Então surgiu a ideia”, afirma Jackeline, esposa de Fernandes.

“A iniciativa foi bárbara, porque esse material é como se fosse uma base para trazer um discurso bem maior, além do que a figura mostra. Ainda mais porque não tínhamos nada no Brasil, que eu tenha conhecimento, cristão ou evangélico para crianças surdas. Nós tínhamos estórias de bruxas, de fadas, contos que não são cristãos e que não levam a criança a lugar algum”, assegura Arriens.

Passo a passo                                                                                      

Thiiago dos Santos com Elias Gonçalves Júnior, intérprete e colaborador do ministério dos surdos

Thiago dos Santos com Elias Gonçalves Júnior, intérprete e colaborador do ministério dos surdos

Diversas pessoas colaboraram na produção do material que passou por várias etapas. Após estruturar e redigir o conteúdo, o próximo passo foi reescrevê-lo em Libras. Foi necessário seguir minuciosamente a estrutura gramatical e linguística dos sinais. Esse trabalho teve o apoio de um surdo, Eduardo Rocha, amigo do casal (Elias e Jackeline) que ficou responsável pela revisão em Libras.

A elaboração do projeto gráfico teve a participação de Sidney Santos, desenhista. “Foi bem trabalhoso”, reconhece. “Cada sinal foi fotografado, e em seguida tive que desenhar tudo em detalhes”, explica. “Mas a proposta de aliar a imagem da criação com a Libras foi o que mais me entusiasmou porque me fez pensar como criança e como surdo. Isso foi um grande desafio para desenvolver todo o projeto”, conclui.

A contribuição financeira de voluntários foi fundamental para que todo o projeto pudesse ser concretizado. “Em princípio tínhamos um sonho, mas financeiramente ficaria inviável conseguirmos realizá-lo sozinhos. Com o patrocínio de pessoas especiais e instituições isso foi possível”, confirma a assessora do ministério.

 

Um sonho realizado

Com o apoio da família e dos amigos, Fernandes lançou para a comunidade surda e escolas que trabalham com inclusão um livro religioso que conta a história da criação do mundo. “Há muito tempo pensamos em fazer algo assim. E hoje, estamos vivendo a realização de um sonho. A proposta não foi somente produzir, e sim, deixar à disposição essa literatura para que todos tivessem acesso”, comenta o intérprete.

Hoje, o ministério dos surdos conta com 7 intérpretes, sendo dois aspirantes, na região Sul de São Paulo. Para saber informações sobre o trabalho realizado por esse grupo, solicitação do livro e orientações sobre acessibilidade de emprego basta acessar o site: www.surdosadventistas.com.br ou entrar em contato com Jackeline pelo telefone 11 99658-4021. [Equipe ASN, Danúbia França]