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Jovem troca carreira jurídica pelo chamado para ser pastor

Jovem troca carreira jurídica pelo chamado para ser pastor

Ser pastor não estava nos planos de Vinícius, que acabou sendo conduzido por Deus a novos propósitos.


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Vinícius e família se dedicam ao ministério pastoral depois de perceber a vontade de Deus

Vinícius e família se dedicam ao ministério pastoral depois de perceber a vontade de Deus

Engenheiro Coelho, SP ... [ASN] O jovem Vinícius de Espíndola Martins da Silva, de 32 anos, sofreu uma guinada impressionante na sua vida. Natural de Santa Catarina, o rapaz talvez nunca tivesse pensado que trocaria uma carreira promissora na área jurídica para se dedicar à colportagem e aos estudos em teologia. Em pouco tempo, Espíndola, sua esposa Jane Carla e seus dois pequenos filhos (Esther, de cinco anos, e Moisés, de apenas nove meses) não apenas se mudaram da paradisíaca região litorânea catarinense para morar no interior de São Paulo (Engenheiro Coelho, onde fica o campus com curso de teologia do Centro Universitário Adventista – UNASP). O jovem formado em direito deixou uma rotina de análises de processos judiciais no Tribunal Regional Federal e perspectivas reais de crescimento para se preparar a fim de servir integralmente à causa de Deus. Mudanças no padrão de vida e na forma de enxergar a própria religião são destaques na entrevista que ele deu à Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN).

ASN - Fale um pouco de como foi seu chamado para ser um pastor? É verdade que você tinha um bom emprego público?

Vinícius Espíndola - No mês de dezembro de 2005 dois fatos importantes aconteceram na minha vida: primeiro, eu fui ordenado ancião; segundo, e mais importante, eu me casei. Isso significava que 2006 seria (o que realmente foi) um ano de novidades, desafios e muitas felicidades. No dia primeiro de janeiro eu era um homem casado e que estava à frente de uma igreja, responsável por criar um ambiente em que os membros pudessem crescer, tornar-se discípulos e salvar outras pessoas. Esta posição de liderança, que durou até dezembro de 2011, permitiu ao meu coração sentir o prazer de treinar para salvar. A cada Encontrão (Treinamento Integrado) que eu assistia, a chama no meu coração crescia, através do desejo de trabalhar 24 horas por dia para a salvação de pessoas, de forma direta. Diante disso, decidi compartilhar este desejo com minha esposa, que não demonstrou nenhum interesse pela ideia. Ela argumentou que com o salário que ganhava como Técnico Judiciário da Justiça Federal de Santa Catarina, nós já participávamos indiretamente da salvação de muitas pessoas, visto que o dízimo e o pacto perfaziam bons valores. Diante disso, pedi para Deus que tirasse a vontade do meu coração, pois para mim chamado para o ministério é para o casal. Deus não atendeu. A vontade só crescia cada vez mais. Em meados de 2006, pedi um sinal conclusivo de Deus: se fosse da vontade dEle que eu largasse tudo para fazer teologia, Ele usaria o Dr. Paulo Henrique de Carvalho, juiz federal da vara em que eu trabalhava, para me dizer que eu deveria pedir exoneração e fazer teologia para ser um pastor. Sinal dificílimo, aos olhos humanos. Bem, passou um ano e nada. Dois anos e nada. Três anos e nada. Quatro anos e nada. A única coisa que acontecia neste período era o aumento da vontade de largar tudo e fazer Teologia. Mas eu fiz um trato com Deus! E Ele não me respondeu! Então, por que não tirava a vontade do meu coração? Bem, eu já não sabia mais o que fazer... Em fevereiro de 2009, o juiz solicitou licença para tratamento de saúde, licença esta que foi renovada por cerca de dois anos e meio, o que foi motivo para a sua aposentadoria por invalidez em meados de 2011, conforme decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Em 2010, mais precisamente no dia 10 de outubro, eu, minha esposa e minha filha Esther fomos fazer um passeio e conhecer a represa do Garcia, na cidade de Angelina, a cerca de 40km da casa onde morávamos. O caminho era composto de 15km de estrada pavimentada e o resto de estrada de chão. Neste último trecho, passamos por várias casas isoladas de centros populacionais, o que gerou a dúvida no meu coração e no de minha esposa: quando será que a verdade será pregada a estas famílias? Esta conversa durou o passeio todo e no fim dele chegamos à conclusão de que, no futuro, eu deixaria o cargo público na Justiça Federal para ser um colportor-evangelista efetivo, levando literatura sobre saúde e salvação aonde o Senhor nos enviasse. Eu achei muito estranho a minha esposa aceitar, afinal o trabalho de colportor é mais penoso, muitas vezes, do que o de pastor. Mas, já era um começo. Depois deste incidente, voltei a falar com o Senhor e disse: “Senhor, eu pedi um sinal para saber se o Senhor queria que eu fosse pastor. Mas talvez eu tenha exagerado no sinal. Talvez o Senhor não quisesse usar o sinal que eu pedi. Então, como o Senhor não atendeu o meu pedido para tirar esta vontade de largar tudo para fazer teologia, vou mudar o sinal. Em vez de usar o Dr. Paulo, que está doente e a quem não vejo já há quase dois anos, vou acreditar que o Senhor está me chamando se ocorrerem três coisas: a) a minha esposa aceitar que eu faça Teologia; b) a minha mãe ficar feliz com isso, afinal eu dava todo mês uma parte do meu salário para ela a fim de custear suas despesas; e c) obviamente, eu passar no vestibular.

ASN - Mas o sinal veio?

VE - O primeiro (novo) sinal veio cerca de duas semanas depois do passeio à Angelina. Neste período, nossa igreja estava em reforma e eu me encontrei com o Pr. Cabilde Palma e contei para ele que um dia seria colportor-evangelista. Ele me respondeu que não, e repetiu que eu deveria ser pastor. Falei para ele sobre o temor de minha esposa e então ele decidiu visitá-la sem a minha presença. No dia seguinte à visita, ela me apresentou uma lista de coisas a pesquisar: valor médio de aluguel, valor das mensalidades, valor que eu teria que vender para manter a família, etc. No dia seguinte eu já tinha todas as respostas. Então, ela abriu o seu coração e falou que Deus também a estava chamando para o ministério, motivo por que aceitou que no ano seguinte (2011), eu faria o vestibular para teologia. O segundo sinal se cumpriu cerca de três semanas depois do primeiro. Orei a Deus e recebi uma ligação de minha mãe. Contei para ela sobre a voz de Deus a me chamar para largar tudo e fazer Teologia. Ela ficou um pouco assustada, mas por fim respondeu que isso era de Deus, pois na última vez que eu a visitara, ela sentira no coração que eu deveria largar tudo para fazer Teologia. No dia seguinte a esta conversa, ela me ligou novamente dizendo que estava muito feliz pela minha decisão e de minha esposa. O terceiro sinal se cumpriu em dezembro de 2011. E veio com o dedo de Deus dando um sabor especial. Creio profundamente que foi Deus quem me fez passar em 2º lugar na lista geral do concurso para a Justiça Federal em 2004. Para confirmar que Ele estava no controle, permitiu-me ficar na mesma posição no vestibular para teologia. Bem, para mim estava tudo certo. Deus atendeu os meus três novos sinais. Vamos lá! Mas algo maravilhoso ainda estava por acontecer...

ASN - E o que aconteceu depois?

VE - No mês de dezembro de 2011, após a inscrição no UNASP, comecei a fazer uma lista de irmãos, amigos e parentes que se comprometeriam em comprar um livro de mim por ano. Eu não venderia apenas para eles, óbvio, pois colportagem-evangelística é especialmente para os que não conhecem as Escrituras. Minha mãe, minha sogra, entre outros estavam convidando pessoas para participar. Nesse ínterim, dezembro de 2011, minha mãe encontra o Dr. Paulo Henrique de Carvalho em uma loja de materiais de construção, convida-o a fazer parte da lista e anota o seu telefone para posterior contato de minha parte. Então, depois de dois anos e dez meses que eu não falava com o juiz, liguei para ele e contei de minha decisão de largar a Justiça para fazer Teologia. Depois de contar-lhe, ele me respondeu: “Sabe, Vinícius. Eu preciso confessar uma coisa para você. Isso que você está fazendo é de Deus. Sabe porque eu sei disso? Porque há quase seis anos, quando ainda trabalhávamos juntos, uma voz bem forte falava ao meu coração para dizer a você largar a Justiça Federal e ser um pastor, mas eu nunca tive coragem de dizer. Mas, agora vá! Vá, pois é Deus quem o chama. E você será muito feliz, eu sei.” Não preciso detalhar a minha surpresa, nem a emoção que tomou conta do meu ser. O primeiro sinal que eu pedi, Deus reservou para o final, para fechar com chaves de ouro.

ASN - O que mudou a partir do momento em que começou a estudar teologia?

VE - Aconteceram diversas mudanças, em diferentes áreas. No aspecto financeiro, eu tive que me adequar a viver com o montante equivalente a um salário e meio que eu recebia na Justiça Federal, para o período de um semestre. Outra mudança neste aspecto é que não receberia mais um salário todo mês, mas receberia valores (provenientes da colportagem) apenas duas vezes por ano, o que exigiria um controle financeiro maior. No aspecto familiar, passei a passar mais tempo em casa, podendo dedicar um pouco mais de tempo para a família. Digo “um pouco mais de tempo”, pois afinal o curso de Teologia exige muita leitura e feitura de trabalhos, e isso faz com que eu dedique um bom tempo todo dia para os estudos, além das aulas no período matutino. No aspecto espiritual, a faculdade de Teologia abriu para mim várias portas que me permitem aprofundar meu relacionamento com Deus e Sua Palavra. No aspecto profissional, costumo dizer que deixei de cuidar da lei dos homens (direito) para dar mais atenção à lei de Deus (teologia). Neste aspecto, tenho sentido satisfação a cada dia que passa. A alegria de poder estar me instruindo a fim de fazer um trabalho para o qual Deus me chamou só aumenta a cada dia. De forma geral, a maior mudança é que eu e minha família estamos mais felizes do que nunca!

ASN - Mensagem que você deixa para jovens que estão sentindo esse chamado, mas ainda não se decidiram.

VE - Meu caro jovem! Algumas pessoas já me criticaram por eu contar o meu testemunho. Por causa disso, parei de contá-lo por um tempo. Mas conversando com Deus, percebi que, com isso, estava deixando de usar uma ferramenta para motivar outros servos e servas de Deus a tomar decisões sérias e corajosas em resposta ao chamado dEle. A mensagem que eu deixo para você é: 1º) Prove a Deus, para ver se Ele realmente está chamando você para o ministério ou apenas é uma vontade passageira. Esse é um direito seu e você deve usá-lo. Deus jamais se chatearia por isso; 2º) Decida. Se você está certo de que Deus o chamou, decida obedecê-Lo, custe o que custar. Garanto que desfrutará de uma felicidade que você jamais imaginou existir; 3º) Planeje. Se Deus chamou você, isso não significa que você deve pegar suas coisas e ir para o colégio hoje. O chamado de Deus não anula a participação humana. Se eu não tivesse tirado um período de 30 dias de férias em julho de 2011 para aprender a colportar, provavelmente já teria trancado o meu curso, por falta de dinheiro. Pague suas dívidas, aprenda a colportar, se possível faça uma poupança e vá para o colégio com a “ficha limpa”. Ah, e estude para o vestibular! 4°) Aja. Deus chamou você. Você já fez o que estava ao seu alcance para atender o chamado de estudar e ser um futuro pastor. Já planejou, estudou para o vestibular, passou. Agora, vá para o colégio, estude e desfrute de um conhecimento cada vez mais profundo deste maravilhoso Deus, que o chamou de forma especial para ajudar no término da pregação do evangelho eterno nesta Terra! [Equipe ASN, Felipe Lemos]