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Coluna | Paulo Lopes

No meio do caminho havia um mendigo

O que a presença de um mendigo nos ensina sobre solidariedade? Leia esse artigo e descubra.


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Todos são como pedras em nosso caminho

É impressionante como é fácil ignorar as necessidades das pessoas, principalmente os mais necessitados, excluídos e rejeitados de nossa sociedade. Parece que nos tornamos imunes e até mesmo cegos frente ao mar de necessidades e sofrimento ao nosso redor. Esta cegueira tem nome e se chama omissão.

Somos fruto da cultura ocidental que valoriza muito as conquistas pessoais, o vencer na vida, o ter um bom emprego, estudar numa boa faculdade, etc., ou seja, ser um bem sucedido. Nada de errado com isso. O problema é que esse sentimento pode nos levar a achar que todos aqueles que não se enquadram neste perfil vencedor, são cidadãos de segunda categoria e que não merecem nosso respeito e atenção. O resultado é a exclusão social tão visível em nossos dias.

Eu sei que este é um tema complexo e que vai muito além desta pequena reflexão, mas meu objetivo é chamar sua atenção para uma realidade que acontece comigo, contigo, com qualquer pessoa. Por exemplo, qual é normalmente a sua reação quando você se depara com um mendigo na rua? Pára  com a intenção de ajudá-lo, ou o ignora totalmente, quem sabe desviando-se dele? Creio que esta é uma reação tão comum e automática que nem sequer nos damos conta.

Aquele mendigo é como uma pedra em formato de pessoa e que tem de ser desviada com o risco de nos machucar, talvez nem tanto fisicamente, mas machucar a realidade de nossa omissão e desprezo. O mendigo é apenas um exemplo, poderia ser uma criança de rua, um viciado em crack ou até mesmo uma prostituta. Todos são como pedras em nosso caminho. Talvez como o homem ajudado pelo samaritano da parábola: apenas alguém caído à beira do caminho.

Não sei qual é a sua orientação religiosa, mas no meu caso, como cristão que sou, sinto que tenho o dever espiritual de olhar de forma diferente para aquele mendigo, aquela criança ou aquele viciado em crack. Tenho de olhar para eles com os olhos da compaixão, da solidariedade e da inclusão. Confesso que nem sempre tenho feito assim. Na verdade, preciso de muito esforço para isso, mas sigo tentando. Este esforço só reforça meu argumento de quão fácil é ignorarmos as necessidade de nosso próximo sofredor.

Outro dia me deparei com a seguinte frase da escritora americana Ellen White, que chamou muito minha atenção: “Na providência de Deus os acontecimentos têm sido ordenados de maneira que sempre tenhamos os pobres conosco, a fim de que sejam no coração humano um constante exercício dos atributos do amor e da misericórdia.” (Beneficência Social página 17).

Ou seja, aquele mendigo no meio do caminho não é uma pedra a ser desviada. É uma oportunidade para você exercitar o amor e a compaixão. Pense nisso na próxima vez que você deparar-se com aquele mendigo no meio do caminho.

Paulo Lopes

Paulo Lopes

Quem é o teu próximo?

O terceiro setor e a solidariedade.

48 anos, nasceu em Itapeva, Sul de Minas Gerais. Vive em Brasília/DF, onde atualmente é o diretor da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA Brasil), uma Organização Não Governamental estabelecida pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. Possui mais de 17 anos de experiência no terceiro setor.