Somos o que comemos
Número de crianças e adultos com problemas de obesidade é preocupante.
Acabo de ler uma reportagem sobre obesidade em adolescentes. "Um a cada cinco adolescentes está acima do peso" – este é o título. E o subtítulo, com informações igualmente preocupantes, é: "Cada vez mais crianças chegam aos consultórios médicos com doenças que são comuns em adultos. Excesso de peso atinge metade dos brasileiros”.
Trabalho acompanhando pacientes que desejam perder peso. Apesar de ser um trabalho gratificante, uma vez que dentro de algumas semanas podemos testemunhar os resultados, não apenas estéticos, mas também emocionais, fico triste em pensar que, na maioria dos casos, tanta dor poderia ter sido evitada se bons hábitos tivessem sido desenvolvidos desde a infância.
Algumas nutricionistas costumam dizer que "nós somos o que comemos". Há muita verdade nesta pequena frase. Não apenas no que diz respeito à obesidade. Nossa alimentação afeta o nosso ser de forma completa, mente e corpo (até porque não podemos separar estes dois).
Durante o período em que estive trabalhando em minha dissertação de mestrado, meu orientador me apresentou um livro sobre gerenciamento do stress no qual havia um capítulo sobre nutrição. Neste capítulo, orientações como evitar cafeína, gorduras saturadas, álcool, açúcar, sódio, e priorizar uma alimentação integral e natural, são dadas ao leitor, não para que tenha uma boa aparência estética, mas para que tenha uma mente saudável. Então, percebi que a ciência estava divulgando uma mensagem que há mais de cem anos temos em nossas estantes de livros, como adventistas do sétimo dia!
Somos o que comemos não apenas porque retiramos dos alimentos os nutrientes necessários para a manutenção do nosso corpo, mas a condição em que nossa mente se encontra é diretamente influenciada pelo que ingerimos. Enchemos nossas crianças com açúcar, e depois os levamos ao médico para pegarmos uma receita de ritalina. Consumimos chocolates, refrigerantes e chás cafeinados, e depois vamos às farmácias em busca de ansiolíticos e remédios para dormir.
Não estamos neste mundo apenas por estar. Que sentido há em viver para satisfazer o apetite, e então ter que tomar remédios para poder viver por mais algum tempo satisfazendo este mesmo apetite até morrer? Não é nisso que se resume nossa vida. Nossa vida tem um propósito. Prejuízos como obesidade, ansiedade e stress, causados por uma má alimentação não são nada perto do prejuízo espiritual que sofremos devido aos nossos maus hábitos alimentares. Precisamos entender que "seja o que for que afete ao corpo tem seu efeito correspondente na mente e na alma” (Ellen White, A Ciência do Bom Viver, pág. 315). E se afeta a mente, afeta nossa comunicação com o Senhor, pois "os nervos do cérebro, que comunicam com todo o organismo, são o único meio pelo qual o Céu pode comunicar-se com o homem e afetar sua vida íntima” (Mente, Caráter e Personalidade, vol.1, pág. 230).