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Coluna | Jael Eneas

Curtição sob perigo

A curtição de ouvir música nos headphones e a questão do louvor: qual a relação? Leia aqui.


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Música é só curtição ou adoração?

O mundo da música gospel se agitou por duas recentes reportagens. A primeira: curtir música com headphone grudado no ouvido pode trazer danos à saúde. Segundo pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Otologia (SOB) e a Proteste Associação de Consumidores, em São Paulo, “80% dos adolescentes entrevistados ouvem música com fones de ouvido com volume maior que o adequado”. De pronto a notícia produziu “likes” e compartilhamentos em sites especializados.

Ainda de acordo com o estudo, a “média de altura foi de 92decibéis (dB), com pico de 109dB, quase 24 dB a mais do que o considerado seguro para a adição”, publicou o R7 Notícias”[1], em 30 de outubro. Isto mostra que o jeito de ouvir música definitivamente mudou!

A segunda matéria saiu no G1, dias mais tarde. O título “Banquinho, violão e selfies: Mariana Nolasco é fenômeno na web aos 16”, fez parte da série “Pop de Menor”, em 03 de novembro. O esforço de reportagem trouxe história de músicos brasileiros que, mesmo sem idade para dirigir, fazem a “cabeça” da galera. Mariana, por exemplo, “grava covers acústicos vistos 42 milhões de vezes e nunca fez um show. A garota tem [até] agência para gerenciar Instagram”, completa o texto[2].

O fã-clube de famosinhos que inclui o funkeiro Mc Pedrinho[3], 35 milhões de views (12 anos); Bruninho[4], sertanejo que virou fazendeiro (9 anos); Bekah Costa[5], gospel-teen (15 anos); Dj Kalfani[6], com 55 milhões de visualizações no You Tube (17 anos) são exemplos de que o jeito de consumir música também mudou. E, mais: isto é tão evidente que o “novo jeito” de curtir música, principalmente a gospel, suscita reflexão urgente e necessária.

Ponderações

Ao grudar os fios do dispositivo móvel para ouvir sua canção sacra favorita, pense nos sérios riscos à saúde. A Revista Vida e Saúde[7] entrevista o office-boy Gustavo Teixeira, 19, que ficava conectado aos fones cerca de 12 horas por dia. “Quando estou na empresa, tento controlar a intensidade do som para que as outras pessoas não escutem. Mas, na rua, ponho o volume no máximo. Outro dia, uma pessoa no ônibus até me pediu para abaixar um pouco”, admite[8].

O sistema auditivo quando submetido a seguidas horas de produção instrumental sobrecarregada em sons metalizados, agudos e de alta intensidade, tem parte de suas células nervosas destruídas. Isso é grave porque são estas células que transportam os sinais elétricos dos ouvidos para o cérebro. O médico Martine Hamann, do Departamento de Fisiologia Celular e Farmacologia e pesquisador da Universidade de Leicester, explica que “essas células possuem um revestimento conhecido como bainha de mielina, o qual ajuda o sinal elétrico a viajar ao longo da célula. A exposição a ruídos com volume muito alto (acima de 110 decibéis) pode destruir este revestimento, interrompendo os sinais elétrico, o que impede que a informação seja transmitida com sucesso pelo nervo auditivo entre os ouvidos e o cérebro[9]”.

Debate

Essa é uma informação crucial quando se trata dos “gospels” e da música sacra. Deus é um Deus vivo que Se revela, comunica-Se e deseja conectar-Se com o ser humano. É por meio de nossa capacidade de arrazoar e pensar que Ele aguarda com ansiedade por nossa resposta, decisão e compromisso. Por isso, o propósito da produção cultural sacra é espiritual, desde sua concepção. Sua finalidade última é ser instrumento de Deus para transformar vidas pelo Espírito Santo.

Quem toma a iniciativa de insistir conosco é Deus: “Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal...escolhe, pois a vida” (Deuteronômio 30: 15, 19). “Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor” (Isaías 1: 18). Por isso é próprio perguntar: o “hit” que ouço me ajuda na tomada de decisão? Prepara minha mente para a renovação, afim de que eu experimente a boa, agradável e perfeita vontade de Deus? (NVI, Romanos 12:2).

Aqui está o ponto para o debate: o que significa para mim “curtir” música? Ao colocar o “fone no ouvido” faço com um sentido espiritual ou é apenas “curtição” sem sentido? Teve um propósito na compra ou foi por impulso de marketing? O conteúdo me leva ser como Jesus? Faz-me desejar o Céu? Um pensamento da escritora Ellen White para aquecer a discussão e os compartilhamentos: “a música tem poder para (1) subjugar as naturezas rudes e incultas; poder para (2) suscitar pensamentos e (3) despertar simpatia, para (4) promover a harmonia de ação e (5) banir a tristeza e os maus pensamentos, os quais destroem o ânimo e debilitam o esforço[10]”.

A grande verdade é que antes de #curtir e #consumir seu gospel favorito, você precisa fazer a coisa mais importante: saber #escolher. Peça ajuda do Espírito Santo. Só assim, o “ouvir música” transcenderá o âmbito da fruição estética para se tornar numa experiência realmente significativa para a vida eterna. O que pensa você?

Bem-vindo ao debate! Participe. Opine. Escreva sua opinião no espaço “Comentários”.

Saiba mais:

“Cuidado com fones de ouvido, você pode ficar surdo”. Disponível: http://noticias.r7.com/saude/cuidado-com-fones-de-ouvido-voce-pode-ficar-surdo-10092

“Crianças precisam usar protetores de ouvido”. Disponível: http://musicaeadoracao.com.br/21565/criancas-precisam-usar-protetores-de-ouvido-dizem-especialistas

"Jovens Ouvem Sons Irritantes que os mais Velhos não Escutam”. Disponível: http://musicaeadoracao.com.br/55068/jovens-ouvem-sons-irritantes-velhos-nao-escutam/

[1] DA REDAÇÃO. “80% dos Adolescentes Abusam no Volume”.  R 7, Saúde. Record. São Paulo, SP. 31.Out.2014. Atualizado às 14h38. http://noticias.r7.com/saude/80-dos-adolescentes-abusam-no-volume-dos-fones-de-ouvido-aponta-levantamento-30102014. Acesso em 04.Nov.2014 às 09h20.

[2] ORTEGA, Rodrigo. “Banquinho, Violão e Selfies: Mariana Nolasco é Fenômeno na Web aos 16 Anos”.  G1. O Globo. Rio de Janeiro, RJ. 03.Nov.2014. Atualizado às 07h46. http://g1.globo.com/musica/noticia/2014/11/banquinho-violao-e-selfies-mariana-nolasco-e-fenomeno-na-web-aos-16.html. Acesso em 04.Nov.2014 às 12h35.

[3] ORTEGA, Rodrigo. “Aos 12 Anos Mc Pedrinho Muda Vida da Família com Sucesso no Funk”.  G1. O Globo. Rio de Janeiro, RJ. 03.Nov.2014. Atualizado às 07h46. http://g1.globo.com/musica/noticia/2014/11/aos-12-anos-mc-pedrinho-muda-vida-da-familia-com-sucesso-no-funk.html. Acesso em 04.Nov.2014 às 13h57.

[4] ORTEGA, Rodrigo. “Após Hit, Cantor Sertanejo de 9 Anos Vira Fazendeiro e Prepara CD Solo”. http://g1.globo.com/musica/noticia/2014/11/apos-hit-cantor-sertanejo-de-9-anos-vira-fazendeiro-e-prepara-cd-solo.html. Acesso em 04.Nov.2014 às 15h05.

[5] ORTEGA, Rodrigo. “Bekah Costa Investe em Gospel-Teen Após Superar Doença e Bullying”. http://g1.globo.com/musica/noticia/2014/11/bekah-costa-investe-em-gospel-teen-apos-superar-doenca-e-bullying.html. Acesso em 04.Nov.2014 às 17h23.

[6] ORTEGA, Rodrigo. “Após 17, Dj Kalfani, do Pollo, Comenta Shows: “Muita Fã Doidinha”. http://g1.globo.com/musica/noticia/2014/11/aos-17-anos-dj-kalfani-do-pollo-comenta-shows-muita-fa-doidinha.html. Acesso em 04.Nov.2014 às 19h55.

[7] TORRES, Fernando. “Agressão Sonora”. Revista Vida e Saúde, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, SP, Fev. 2011, pp. 10-13.

[8] ________________. “Agressão Sonora”. Site: Música e Adoração. http://musicaeadoracao.com.br/21558/agressao-sonora/. Acesso em 05.Nov.2014 às 09h40

[9] HAMANN, Martine. “Fones de Ouvido Pode Causar Dano Auditivo”. Site: Música e Adoração. http://musicaeadoracao.com.br/50291/fones-de-ouvido-podem-causar-dano-auditivo/.  Acesso em 05.Nov.2014 às 09h40

[10] WHITE, E. G. “Educação”. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1995. P. 167.

Jael Eneas

Jael Eneas

Louvor e Música Cristã

Música cristã como expressão de louvor a Deus.

Mestrando em teologia e diretor de desenvolvimento espiritual do UNASP, Campus Hortolândia. Compôs “Colheita 90”, “Nacional 89” para DSA. Lecionou música sacra para o SALT. Durante 21 anos liderou o ministério de música, comunicação e educação em Associações e Uniões nas regiões norte, noroeste e sudeste. Participou da Comissão Revisora do Hinário Adventista em 1996. Twitter: @jaeleneas