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Coluna | Geyvison Ludugério

A igreja e o orelhão-planta

Quer ajudar a reconstruir de maneira criativa sua igreja? Leia esse artigo e saiba como.


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E agora?

 

Nunca pensei que iria passar por isso. Na rua, sem carteira, sem dinheiro e o mais grave: sem bateria no celular. Um desastre total. Estava em uma cidade desconhecida, tinha perdido tudo isso. Logo, algumas opções de autotortura começaram a passar pela minha cabeça. Já podia imaginar minha esposa dizendo, em uma reportagem na televisão: “Ele era uma pessoa tão boa!”.

 

Em meio a este grande problema, parei e pensei quais eram as minhas opções para sair vivo daquele dia. E eis que no meu campo de visão aparece algo que não via há muitos anos, desde os tempos de escola. Um orelhão - e não, este não é o apelido de uma pessoa, mas aquele aparelho público de telefone.

Assim como a maioria das pessoas que não tinham muito o que fazer nos anos 90, eu colecionava cartões de telefone. Se você nasceu próximo dos anos 2000, isso deve parecer a coisa mais sem graça do mundo, mas naquela época não era. Muito pelo contrário. Comecei a me lembrar do orgulho de abrir a minha pasta de plástico e, folheando levemente, mostrar para meu amiguinho sentir - inveja - orgulho de mim. Além daqueles com datas especiais, também existia o verdadeiro Santo Graal dos cartões; a série do Ayrton Senna - sim, eu tinha essa raridade.

Depois de enxugar uma pequena lágrima nostálgica, voltei ao meu pequeno problema, sobreviver, e fui até o orelhão. Chegando mais perto, tive uma surpresa. Não era apenas um orelhão, era uma ornamentação urbana, também. O orelhão havia virado planta!

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Já ouviu falar de destruição criativa?

No modo como a economia funciona hoje, temos tantos produtos e serviços, que apenas alguns deles sobrevivem, aqueles produtos mais criativos. Isso é o que chamamos de Economia Criativa. É mais simples do que parece. É só lembrar que, antigamente, para criar um produto se exigia não só um enorme capital de entrada, mas também anos de dedicação e muitos fracassos. Hoje, com apenas dois cliques, no site chinês de compras por atacado Alibaba, e arrecadando o dinheiro que precisar através do site de contribuição online Kickstarter, você pode construir o que quiser, onde quiser e colocar a sua própria marca.

Com essa tremenda facilidade, o que faz a diferença? A relevância. O quão criativo aquele produto é para fazer minha vida mais produtiva. O orelhão havia sido destruído criativamente. Antes, tão útil, era possível encontrar um a cada esquina. Assim como as igrejas.

Pare um pouco e imagine como as pessoas enxergam a sua igreja. Qual o papel dela na sociedade, ou melhor, qual a relevância dela em seu bairro? Você ainda consegue ligar de um orelhão, ainda consegue comprar um cartão telefônico, mas qual foi a última vez que fez isso? Quando foi a última vez que alguém entrou em sua igreja buscando falar com Deus?

A boa notícia é que você pode destruir e reconstruir criativamente a sua igreja. Basta apenas exercitar a inovação nos projetos locais e nos serviços de culto. Buscando, sempre, entender melhor como conciliar a nossa mensagem com o estilo de vida das novas gerações.

Destrua a sua igreja, antes que ela se torne apenas uma ornamentação urbana.

Ah, antes que me esqueça, tentei usar o orelhão, mas me dei conta que não sabia nenhum número de celular de cor, apenas o meu. E naquele dia andei em uma viatura de polícia pela primeira vez.

Geyvison Ludugério

Geyvison Ludugério

Fora da Caixa

Tudo o que você conhecia, conheça de novo. Inovação e Criatividade na prática.

Publicitário, tem pós-graduação em Gestão em Marketing e especialização em Direção de Arte para Web. Coordenou o departamento de Estratégias Digitais da Igreja Adventista para o Estado de São Paulo e hoje é gerente de Web de Rede Novo Tempo, e professor do curso de Publicidade e Propaganda do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).