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Coluna | Felipe Lemos

Todos os dias é dia de ser pai

Ser pai pode significar muita coisa, mas é, acima de tudo, fazer a diferença na vida dos filhos todos os dias


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Foto: Shutterstock

Antes de ser pai, eu confesso que me preocupava pouco com o Dia dos Pais, lembrado no segundo domingo de agosto. Costumava valorizar muito mais o Dia das Mães como talvez muitos o façam ainda que sem perceber. Sempre lembrei do meu pai nesse dia com um carinho, um presente ou um toque diferenciado, mas essa visão sobre o que significa ser pai mudou obviamente e radicalmente quando me tornei um exemplar dessa espécie.

O Dia dos Pais virou, na verdade, todos os dias. Explico.

Meu pai certamente já tinha experimentado isso e eu, somente hoje, 4 anos e meio depois de ser pai, consigo ter uma ideia um pouco melhor da importância e responsabilidade da paternidade. Antes eu estava no papel do filho que “lembra” do pai por tudo aquilo que ele fez e representa para mim. Excelente.

Mas agora eu estou nesse papel. Isso faz toda a diferença!

E o mais importante. Esse papel não se dá apenas no segundo domingo de agosto. É justamente o contrário. Esse dia específico, no caso do Brasil, e em outros países provavelmente em outros dias, acaba sendo uma data de ocasionais presentes, de um desjejum surpresa, entre outros afagos muito bons.

Mas todos os dias, na verdade, são diferentes no papel de pai. Dias em que eu preciso fazer a diferença para minha filha. E esse diferencial abrange, no caso de alguém que se diz cristão, não apenas o mínimo esperado em termos de um responsável por uma família, porém exige uma visão integral, o que inclui o papel de exemplo cristão.

Exemplo diário, impacto para sempre

Todos os dias, como pais, temos um desafio gigantesco. Servir de exemplo. Claro que os pais são absolutamente imperfeitos, vacilam, cometem erros, precisam ser perdoados, etc. Mas é inegável que o exemplo do pai impacta na vida do filho, de uma forma ou de outra. Para que esse filho enxergue a vida com um olhar de amor cristão ou, dependendo do caso, acabe utilizando outros tipos de filtros, alguns, quem sabe, bastante pessimistas, derrotistas e que façam a vida parecer uma desgraça, uma guerra perdida. O pai está por trás disso tudo.

E aí vem o elemento sobrenatural que, para mim, tem total relação com quem é, para mim, o Deus pessoal da Bíblia. Seja na figura de um Pai que ama incondicionalmente os filhos, mas precisa repreende-los sempre que necessário e ajudá-los a se realinhar na trajetória da vida. Ou, talvez, de um Pai que pode dar muito mais do que pensamos ou imaginamos, contudo, às vezes, restringe algo que pedimos porque sabe que esse não foi melhor pedido. Não seria o melhor para o nosso desenvolvimento como gente.

E esse relacionamento entre o divino e o humano se reproduz no mundo dos pais terrestres com seus filhos. O que penso, falo e faço afetará, para sempre, as percepções de mundo de minha filha. Enquanto pequena, tudo que eu sou (imperfeições, defeitos, falhas de caráter, virtudes) será uma enorme influência nela e, à medida que a pequena se torna grande, eu exercerei menos influência direta por conta de muitas influências exteriores. Mas o que ela reteve, a partir do que viu em mim e ainda vê, fará algum tipo de diferença na sua vida.

João 17 e a nossa vida

O capítulo 17 de João é muito bonito, não apenas pelas razões óbvias em virtude da oração sacerdotal de Cristo e Seu pedido de unidade. Mas pela forma como Cristo se dirige ao Seu Pai na condição de Filho mostrando uma dependência, uma submissão. Jesus fala com sinceridade ao Pai sobre Sua missão nesse mundo, o que tudo isso implica, enfim, um papo aberto e sincero. De Filho para Pai.

Isso acontece na minha vida como pai. Tenho diante de mim uma filha dependente, que ora se submete, ora não se submete. Precisa aprender tantas coisas. Ao mesmo tempo, me ensina muito também. Preciso ter esse mesmo diálogo com ela, não uma ou outra vez, mas sempre. É um desafio para todos nós, pais, mas precisa acontecer.

É por isso que digo que o Dia dos Pais virou todos os dias. É sempre hora necessária e fundamental de ser pai, de ser mais do que um provedor de conforto, comodidade e segurança material para um lar. De ser um líder cristão, um exemplo de inspiração, alguém que faça alguma diferença na vida desse filho que cresce e precisa ter alguma referência onde se apoiar. O papel da mãe é indiscutível e não esqueço dele, porque é inegavelmente claro e fundamental.

Mas quis aqui destacar hoje o papel do pai.

Oro por conta desse desafio a cada dia. Preciso muito do Pai maior para ser um pai melhor!

Felipe Lemos

Felipe Lemos

Comunicação estratégica

Ideias para uma melhor comunicação pessoal e organizacional.

Jornalista, especialista em marketing, comunicação corporativa e mestre na linha de Comunicação nas Organizações. Autor de crônicas e artigos diversos. Gerencia a Assessoria de Comunicação da sede sul-americana adventista, localizada em Brasília. @felipelemos29