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Coluna | Felipe Lemos

O que pode estar por trás dos atentados em Paris

Os atentados em Paris me fizeram pensar no que realmente implica a falta de amor e o esfriamento dele na vida humana.


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O banho de sangue ocorrido nesta sexta-feira à noite, 13, em Paris, capital da França, deve tomar conta das conversas e noticiários nas próximas semanas. Para quem ainda não leu qualquer tipo de informação, pelo menos três atentados orquestrados e coordenados ocorreram na cidade com a morte, até agora confirmada, de cerca de 127 pessoas.

De acordo com a Procuradoria de Paris, há, ainda, cerca de 200 feridos, sendo 80 em estado grave. Todos os ataques foram em locais de grande concentração de pessoas: bares, restaurantes, uma casa de shows e o estádio nacional Stade de France. Oito terroristas foram mortos, sendo que sete teriam detonado cinturões com explosivos antes de serem atingidos pela polícia, informou a agência de notícias francesa AFP. O Estado Islâmico assumiu a autoria dos atentados.

O presidente da França, François Hollande, decretou situação de emergência no país e fechou as fronteiras. Já há algumas manifestações oficiais a respeito das possíveis razões para esses ataques e uma delas é a de que as mortes ocorreram como retaliação pelo fato e a França ter realizado alguns bombardeios recentemente na Síria tendo como alvo o combate a forças do Estados Islâmico (EI).

Algumas autoridades já se manifestaram oficialmente, ofereceram condolências e evidentemente condenaram os ataques. Os adventistas do sétimo dia, por exemplo, por meio do presidente da Igreja nessa região da Europa, Mario Brito, expressaram sua solidariedade ao povo francês. O próprio líder mundial da Igreja, pastor Ted Wilson, lançou em seus perfis de rede social um movimento intitulado #PrayforParis com a intenção de motivar as pessoas a intercederem pelas famílias das vítimas e pela população em geral que continua vivendo os efeitos do terror após os ataques propriamente ditos.

Para pensar

Esse episódio lamentável me fez refletir acerca de algumas coisas, principalmente quando o faço sob o ponto de vista bíblico. E é essa minha proposta aqui nesse espaço. Não quero e nem me proponho aqui abordar a motivação de quem cometeu essa barbárie, mas tentar compreender o que está por trás disso tudo conceitualmente. Pensemos no seguinte:

 

  1. A vida humana está cada vez mais sem valor. Em Mateus 24:12, Jesus é enfático sobre uma das características da sociedade nos últimos tempos: “devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará”. Esse esfriamento do amor não implica apenas um desgosto ocasional ou uma pálida demonstração de egoísmo. É impossível avaliar completamente até onde vai o ser humano quando o amor de Deus não faz parte da sua vida! No livro de Jeremias, está registrado, no capítulo 19, um pouco do que o povo, sem o temor de Deus e afastado do Seu amor, acabou cometendo. Chegaram a ponto de oferecer os próprios filhos em sacrifício. Algo impensável, não é? Mas quando os freios morais somem, por conta da falta da genuína ação do amor divino na vida, tudo pode acontecer. Para Deus, a vida humana precisa ser preservada. Não usada como moeda de troca ou barganha para fins pessoais ou ideologias alicerçadas na ganância, vaidade ou orgulho próprio.

 

  1. A crise moral chega a um ponto insustentável e necessita de uma intervenção urgente – Vivemos uma crise moral, portanto, e de ética também. O renomado especialista em Ética, com formação em Direito e Jornalismo e professor universitário, Clóvis de Barros Filho, afirmou em um vídeo que “moral é o que não faríamos de jeito nenhum, mesmo que não tivesse ninguém olhando, mesmo que fôssemos invisíveis”. Eu acrescentaria que não faríamos, também, sabendo que Deus está nos vendo. E o que significa dizer que chegamos a esse nível insuportável de crise moral? Significa que precisará, em algum momento, uma intervenção sobrenatural divina para impedir que mais barbáries sejam cometidas. Mesmo as que parecem ter as argumentações mais fundamentadas, as razões mais “plausíveis”. Alguém, superior a nós, precisa colocar um ponto final naquilo que o ser humano faz pensando unicamente em si mesmo e no que ele considera o melhor.

 

  1. O terrorismo não é um problema de segurança pública ou meramente social; é um problema de origem mais profunda na vida do ser humano – O efeito que ações de terrorismo, como o que se viu em Paris ontem, tem é o de justamente criar mais do que insegurança. É promover o terror, o medo, a desconfiança entre as pessoas. Vai além de uma questão social. Ao que parece, não se explica apenas por conta de conjunturas sociais favoráveis, ou por questões de estratégia geopolítica, mas tem a ver com o que de mais profundo existe no ser humano. Claro que um ambiente potencializa o que de pior ou melhor as pessoas possuem. Mas individualmente elas possuem uma responsabilidade sobre a maneira como agem, como vivem, como pensam. E isso tem viés espiritual em última instância. Terrorismo nasce em uma sociedade onde os valores, dos indivíduos, estão deturpados quanto ao respeito e ao amor pelos outros. Sociedade não é um ente independente, é o conjunto das pessoas.

Não esgoto aqui todos os aspectos relacionados ao assunto, mas creio que podemos partir dessa reflexão para algo maior. Deus tem muito amor por nós. E eu, depois de mais essa demonstração de desamor na França, sou impelido a me submeter mais ao Senhor para que Ele coloque dentro de mim o verdadeiro amor, não egoísta, não interessado em minhas próprias ideologias, não espelhado por aquilo que a sociedade crê que é o melhor.

Eu preciso que o amor de Deus não se esfrie em minha vida! Aliás, nós todos precisamos!

 

Felipe Lemos

Felipe Lemos

Comunicação estratégica

Ideias para uma melhor comunicação pessoal e organizacional.

Jornalista, especialista em marketing, comunicação corporativa e mestre na linha de Comunicação nas Organizações. Autor de crônicas e artigos diversos. Gerencia a Assessoria de Comunicação da sede sul-americana adventista, localizada em Brasília. @felipelemos29