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Coluna | Felipe Lemos

Igreja sem foco, igreja sem relevância

Mensagem sobre a necessidade de atenção para uma igreja em tempos finais nos faz pensar.


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O sermão no sábado, 4 de julho, durante a Assembleia Mundial da Igreja Adventista, em San Antonio, nos Estados Unidos, foi apresentado pelo secretário- executivo mundial da denominação. Mas foi mais do que um sermão. Tratou-se de um recado interessante para os cristãos que creem ter uma missão que vai além da mera existência. O criativo e espirituoso pastor GT Ng mostrou, comparando os textos de Apocalipse 10 e Daniel 12, que a relevância de uma igreja vem em função, principalmente, quando o foco na sua missão é mantido.

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GT Ng já tinha abordado esse assunto quando fez o relatório da Secretaria Executiva da Igreja e expôs a todos os números gerais da organização no quinquênio que passou. Afirmou, com toda a convicção, que o crescimento numérico, as estatísticas, os perfis dos membros, nada disso significa alguma coisa em uma igreja se não houver relação com a razão de ser dessa denominação.

Neste sábado, o pastor foi mais claro ainda. Disse que a denominação adventista, com 18 milhões e meio de membros, precisa manter o foco. Não se distrair com assuntos periféricos. Tal como fizeram os próprios pioneiros dessa denominação. Gente jovem como J.N. Andrews, Ellen Harmon e James White que pagou o preço para divulgar ao mundo que Jesus voltaria e que, acima de tudo, tinha bem evidente que não orava em vão. Pessoas que faziam parte de um movimento com forte base bíblica e que, mesmo não entendendo completamente por que determinadas profecias não tinham se cumprido na sua época, seguiu sabendo que seu foco era apresentar Jesus. E humildemente buscou a presença do Senhor para entender como e quando deveria agir.

Igreja grande, atenção focada

O secretário-executivo mundial lembrou do tamanho da estrutura da Igreja Adventista. Uma denominação que, em 1863, quando foi organizada oficialmente, não tinha nenhuma editora. Hoje possui 63 em todo o mundo. Tinha pouco mais de 3 mil membros e hoje está chegando perto dos 19 milhões. Possui milhares de escolas, colégios, universidades, hospitais, projetos sociais em parceria com governos de dezenas de países, milhares de sedes administrativas e mantém diversos projetos e programas em diferentes áreas.

Só que toda essa incrível estrutura pode acabar tirando o foco da igreja. Aliás, não apenas da denominação adventista, mas de tanta outras religiões que crescem institucionalmente. Alguns detalhes, aspectos periféricos podem desviar a atenção para o que realmente é imprescindível.

Pense bem. Jesus tinha um foco definido: salvar pessoas presas ao pecado (Lucas 19:10). Sua família terrestre quase o atrapalhou no cumprimento dessa missão. Até mesmo algumas pessoas beneficiadas por ele, com curas, não o entenderam plenamente e quase puseram a perder a estratégia decorrente do seu foco. Os próprios discípulos, pouco antes da morte de Jesus Cristo, ainda não entendiam bem qual era a razão de Ele estar no mundo.

Mas Ele manteve o foco.

As igrejas cristãs não podem deixar de compreender que precisam seguir sua missão em um mundo carente de ética e princípios claros sobre honestidade, sexualidade, solidariedade, etc.

Algumas já estão perdendo. Falam e fazem de tudo, comprometem-se com diferentes causas, ideias e conceitos, aderem a todo o tipo de modismos, costumes e práticas. Tornaram-se irreconhecíveis em nome de uma adaptação que, na verdade, constitui muito mais em uma descaracterização de identidade.

Nisso está incluída a Igreja Adventista.

E o foco da Igreja, para que ninguém tenha dúvidas, foi definido na própria Sagrada Escritura. É o de, conforme Apocalipse 14, pregar o evangelho eterno a toda as pessoas, a toda nação, tribo, língua, povo e nações.

Só que, para alcançar esse objetivo, não pode se desviar por outros caminhos que aparentemente podem ser agradáveis e até simpáticos.

Se deixar de entender seu papel aqui, a Igreja Adventista abandonará sua identidade, correrá o risco de perder a relevância que tem e finalmente deixará de cumprir com o propósito para o qual ela mesma acredita que foi levantada por Deus.

Foco. Gostei da síntese do secretário GT Ng.

Em tempos de turbulência moral, a Igreja não pode perder a atenção em sua viagem. Tal como um piloto de um avião. Um erro pode ser muito mais do que um equívoco. Pode causar enormes danos. Danos fatais.

 

Felipe Lemos

Felipe Lemos

Comunicação estratégica

Ideias para uma melhor comunicação pessoal e organizacional.

Jornalista, especialista em marketing, comunicação corporativa e mestre na linha de Comunicação nas Organizações. Autor de crônicas e artigos diversos. Gerencia a Assessoria de Comunicação da sede sul-americana adventista, localizada em Brasília. @felipelemos29