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Coluna | Carlos Nunes

O hipster da Federal

Muitos jovens estão mergulhados em superficialidades e não no conhecimento que temos na contemplação de Jesus


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hipster

(Foto: Reprodução / Agência Brasil)

O mais novo sucesso midiático no Brasil é o hipster da Federal, Lucas Valença. Aliás, a Polícia Federal tem sido pródiga em revelar heróis dessa estirpe. O último deles, e que acabou defenestrado por suas próprias falhas, foi o japonês da Federal, Newton Ishii. Não vou me atrever a ser a Emanuelle Salles dessa coluna, porque ela já o faz de maneira competente em seu espaço por aqui… Também chamado de Lenhador da Polícia Federal (PF), esse agente nem desconfia que daqui a um par de meses, será o mais novo desconhecido que um dia foi conhecido! É assim o nosso país: segue fabricando seus ídolos de barro, como disse para mim o pastor Alejandro Bullón certa feita.

Mais do que um conceito de beleza e\ou estética, até porque para o mais ignorante nesse tema, fica evidente que o Japonês e o Lenhador não têm nada em comum, os ícones da hora nascidos na PF são um subproduto da Operação Lava Jato. A sanha ética dando lugar a sanha estética, como uma espécie de “pão e circo” no meio da crise de corrupção que, aliás, vinha desde antes da rainha…

Espanta menos o fato de que um servidor público federal no estrito cumprimento do seu dever seja eleito o pop star do dia do que a capacidade de gerar conteúdo insignificante… Os próximos que virão também serão representantes dessa onda rasa que molha os pés como marola, mas não submerge ninguém no real sentido da existência. Ele, diz a Bíblia, foi o servidor público federal mais engajado e operativo da história. E, de maneira insólita, acabou preso e morto nas mãos do próprio sistema! Combateu a corrupção judaico-religiosa de então, chamando o pecado pelo nome, instaurando uma autêntica Operação Mãos Limpas quando expulsou os vendilhões do templo, aliás, qualquer semelhanca com a versão brasileira não é mera coincidência…

O mais interessante, talvez, é que dizem os perfis românticos e nem tão próximos da verdade histórica, como dizem os especialistas, que Jesus era barbudo, cabelos claros e longos. Desculpem, não quero e não sou blasfemo, mas bem poderia ser o hipster daqueles dias… No entanto, faço referência ao que diz o texto sagrado sobre Cristo: “não tinha aparência nem formosura, olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso”.

O modelo humano mais perfeito do que um dia será revelado acerca de Deus, o Pai, e sua beleza, foi o mais belo homem da história. E, dele, diz o texto e a história, “não fizemos caso”! Em uma sociedade tão frívola, tão afeita a fabricação midiática de heróis do momento, cairia bem apreciar o Cristo da Bíblia e sua “hermosura”, como dizem meus amigos peruanos. Sairíamos tão transformados dessa contemplação que, seguramente, irradiaríamos a beleza de Deus, como quem sabe novos Moisés, que descendo do monte manifestaríamos a glória desse encontro.

Triste é perceber que seguimos nos alimentando desse lixo da mídia. Cada dia sabemos menos das razões bíblicas do adventismo. Jovens da Igreja que despedem seus mortos pelo Facebook, como se eles pudessem ler suas homenagens póstumas. Adultos da Igreja que mantêm costumes alheios à Bíblia e que ainda refletem raízes de outras culturas religosas que nada têm a ver com a Escritura, como baixar ataúdes em gesto de saudação\despedida… Adultos e jovens que, sem desmerecer seu luto, não conseguem manifestar mais esperança e menos desespero na hora da morte. Lavagem de roupas de queridos mortos. Orações dirigidas a pessoas que não intercedem junto ao Pai porque este, intercessor, somente Cristo pode ser!

Falta conhecimento, já dizia o profeta Oséias. Não há distinção entre santo e profano, como disse Ezequiel. Reclama a dirigência da Igreja que nosso povo não vive nem compartilha da fé! Como se poderá compartilhar do que não se conhece? A rede social e sua superficialidade tem contaminado mais do que se imagina a nossa capacidade de submergir no real conteúdo da vida! Como resultado, segue o povo admirando seus novos lenhadores, enquanto o Cristo segue como bem disse o profeta Isaías: “d´Ele não fizemos caso”!

Carlos Nunes

Carlos Nunes

Ética Prática

Assuntos relacionados à ética sob o ponto de vista cristão e os dilemas enfrentados pelas pessoas no seu cotidiano.

Teólogo, atualmente exerce seu ministério pastoral no Peru. Jornalista profissional há mais de 20 anos, foi repórter nos jornais Diário Gaúcho e Zero Hora, e professor no curso de Jornalismo do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).