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Coluna | Carlos Nunes

Dilma, Aécio e a “nova política”

O que tem a ver o termo "nova política" com nosso exercício de cidadania? Leia o artigo e entenda.


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Em lugar de esperar que venha dos outros a decência, a relevância, o valor, o princípio, o caráter e a probidade, que cada um de nós exerça esse papel!

Esse é um artigo que pretende levá-lo a escolher em quem votar no segundo turno das eleições presidenciais! Que ousadia e que coisa fora do lugar para um espaço que se propõe reflexivo no campo da ética cristã, não é mesmo? Você deve estar pensando que o articulista “pirou”, depois de ouvir tantas besteiras de nanicos deslocados e tresloucados no horário político obrigatório... Fique sossegado, aquele que “perseverar até o fim” é bem provável que não seja salvo, porque só Jesus tem esse poder, mas acredito que para os fins a que me proponho, compreenderá!

Quando proponho Dilma, Aécio ou a “nova política”, aludindo claramente à candidata derrotada em primeiro turno, refiro-me à seguinte equação: quem de fato tem condições de nos representar pelos próximos anos nesse País? Dilma e seu corolário ideológico? Aécio e seu viés político? E junto com eles, qualquer que seja o eleito, é bom que se considere seus aliados, coligados, fisiológicos e outros termos de menor lisonja. Como referência, é preciso que se diga que o sistema democrático que rege esse País é, por natureza, representativo. Democracia é, por essência, representatividade. E assim que, ao nos dirigirmos às urnas eletrônicas, todos vamos com o objetivo de escolher aquele ou aquela que, em nosso entender, pode melhor representar cada um de nós nas esferas de poder desse Brasil. E como isso é difícil, não é mesmo?

Quero aqui abrir um rápido parêntese para indagar a meus colegas jornalistas. Depois de assistir ao último debate do primeiro turno e perceber que cada candidato que se erguia para falar dizia ter feito isso e mais aquilo, ao passo que o seu oponente dizia que o adversário não tinha feito isso nem aquilo, mas, ele, sim, feito isso e mais aquilo... Pensei comigo: em que lugar e em que tempo estão trabalhando meus colegas que não apresentam dados, informações a cotejar esses arroubos declaratórios, colocando os pingos nos “is” e dizendo ao eleitor quem, de fato, fez isso e mais aquilo? Estamos vivendo em tempos de jornalismo declaratório.

O que vale é o que se diz, não o que se atesta verdadeiro... Bem, era só uma digressão de alguém que mesmo afastado das lides jornalísticas a um bom par de anos, ainda respira o “ar das redações”. É por causa do dito acima que é difícil escolher bem aquele ou aquela que vai nos representar. Pois eu digo que a “nova política” é bem mais elevada do que a titular do conceito e bem assim que Aécio e Dilma, seus colegas sobreviventes da guerra eleitoral.

A “nova política”, do ponto de vista espiritual é a completa subversão da lógica racional. O que, aliás, não deveria surpreender ninguém que, a essa altura, conhece a argumento Paulino que afirma ter Deus escolhido as coisas loucas desse mundo para confundir os sábios. A mais louca delas, por óbvio, a cruz de Cristo! “Nova política” O que proponho é que a “nova política” nos permita entender que em vez de procurar alguém que nos represente, sejamos nós os que representemos alguém! Você compreende? Em lugar de insistir numa busca desenfreada por alguém, em meio a um mar de crise de valores, identidade e pertencimento, que nos represente social, ética e politicamente, quem sabe nós assumirmos a nossa representatividade! Em lugar de esperar que venha dos outros a decência, a relevância, o valor, o princípio, o caráter e a probidade, que cada um de nós exerça esse papel! Para mim, a “nova política” não é nem a proprietária desse conceito, nem mesmo Dilma ou Aécio.

Para mim, a “nova política” é uma cidadania cristã representativa de si mesmo! O mundo anseia por pessoas relevantes, que manifestam uma vida relevante em atos, palavras, pensamentos, ações sociais e espirituais. Eu dou o meu voto a Cristo! Porque, em última instância, Ele é meu representante junto ao Pai no Santuário Celestial... Mas como o argumento aqui é eu representar alguém e não esperar que alguém me represente, evoco as palavras do próprio Cristo para concluir esse arrazoado: “A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste”! Eu nele e Ele em mim. Porque Ele me representa no céu eu o represento aqui na Terra até que Ele venha me buscar! Essa, para mim, é a “nova política”.

Carlos Nunes

Carlos Nunes

Ética Prática

Assuntos relacionados à ética sob o ponto de vista cristão e os dilemas enfrentados pelas pessoas no seu cotidiano.

Teólogo, atualmente exerce seu ministério pastoral no Peru. Jornalista profissional há mais de 20 anos, foi repórter nos jornais Diário Gaúcho e Zero Hora, e professor no curso de Jornalismo do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).