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Coluna | Carlos Nunes

A Reforma Protestante das redes sociais

É preciso atentar para uma Reforma Protestante digital.


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As redes sociais provocaram uma revolução. A Igreja precisa estar atenta a isto e criar novas estratégias.

As redes sociais provocaram uma revolução. A Igreja precisa estar atenta a isto e criar novas estratégias.

As redes sociais definitivamente mudaram o mundo! E a Igreja não pode ficar fora dessa nova ordem social sob pena de, como a Grande Imprensa, perder o bonde da história…

Explico: Antes do advento das redes sociais, a Grande Imprensa servia como o grande Tribunal de Pequenas Causas, atuando no vácuo da falência dos órgãos públicos que, desde sempre, pelo menos na vida brasileira, nunca conseguiram atender ao povo de maneira satisfatória. Funcionava assim: A pessoa desistia de procurar saída para suas demandas nas instituições públicas e corria à imprensa na tentativa de ver seu caso resolvido. E, invariavelmente, na pressão de ter que dar contas à sociedade, o serviço público corria atrás do prejuízo.

Na outra ponta, mesmo os órgãos públicos acabavam por legitimar seu papel social se utilizando da Imprensa. E, assim, numa via de mão dupla tanto a Grande Imprensa como as Instituições Públicas validavam seus papéis. Esclareço: A Polícia, por exemplo, nunca precisou da Imprensa para legitimar seu papel social, mas, ainda assim, dela sempre se serviu para ratificar seu status quo…E a Imprensa, por seu turno, nunca pôde prescindir de suas fontes, sob pena de morrer de fome!

Mas é preciso admitir que o paradigma mudou! Hoje, a pessoa já não precisa mais da Grande Imprensa para organizar-se, mobilizar-se, protestar, validar suas relações sociais e obter, instantaneamente, a validação de seus valores éticos, espirituais e emocionais por meio de seus amigos virtuais que, com um like, uma curtida e um compartilhar, legitimam seu papel social independente dos grandes jornais. Como resultado, é fato que os grandes jornais têm falado mais às suas fontes e vice-versa, retro-alimentando uma relação que, desapercebidamente, tem excluído a sociedade e, mais que tudo, seus leitores!

Um preâmbulo para dizer que a Igreja corre o risco de perder grande parte de sua influência e poder, se não notar que precisa buscar uma estratégia que inclua, definitivamente, o falar ao público das redes sociais! É preciso dar-se conta de que ela, a Igreja, sofre, sim, influência dos tempos, e que pregar da mesma forma pode significar um pobre anacronismo sem poder e efetividade… Claro, antes que alguém diga que a Pessoa de Cristo não se restringe a métodos ou estratégias e que pregar nunca deixará de contar com o capital humano não importando qual seja a maneira, digo que concordo em gênero, número e grau!

Este artigo diz apenas, no entanto, que é preciso atentar para uma Reforma Protestante digital que está em curso e que a Igreja precisa reinventar uma forma eficaz de pregar de Cristo sem excluir a pessoa e as redes sociais como ferramenta inexorável de exploração e massificação da mensagem cristã. Como? Partindo para a única maneira descrita por Jesus e usando Facebook, Twitter, Instagram, Whatsapp, Periscope e outros para validar, legitimar e potencializar ações sociais evangelísticas. Diz Ellen White: "O método de Cristo é o ÚNICO que trará verdadeiro êxito em alcançar o povo. O Salvador Se misturava com as pessoas como alguém que desejava o bem delas. Mostrava simpatia por elas, ministrava às suas necessidades e ganhava sua confiança. Então dizia: 'Siga-Me'" (Ellen G. White, A ciência do bom viver, p. 143).

Foi-se o tempo da visão em que a máquina eclesiástica que legitima departamentos, alvos, ministérios, programas e eventos seria suficiente para terminar a obra e ver a Cristo regressando nas nuvens. Hoje, é preciso admitir que a máquina engoliu a Igreja! Como sobreviver a esse diagnóstico? Admitindo que o método de Cristo precisa ser valorizado, passando por cima de egos, dos chamados “Pai da Criança” que têm de sobreviver patenteando projetos e ideias sob pena de perecer em um ministério autofágico que valorizou e valoriza números em detrimento de pessoas… Pois o método de Cristo é justamente valorizar a pessoa como agente insubstituível na engrenagem do Plano da Salvação. E, assim, fazer das redes sociais uma caixa de ressonância das ações sociais e dos perfis sociais e espirituais de pessoas e, consequentemente, da Igreja.

Não tenho a fórmula mágica, como pastor ainda busco um meio para bem usar o ciberespaco… A única coisa que penso ter encontrado é o ÚNICO método capaz de terminar a obra evangelizadora nessa Terra! Que a Igreja desperte. Que a Reforma Protestante virtual\digital nao engula o Evangelismo. Que o método de Cristo seja ressuscitado antes que seja tarde…

Carlos Nunes

Carlos Nunes

Ética Prática

Assuntos relacionados à ética sob o ponto de vista cristão e os dilemas enfrentados pelas pessoas no seu cotidiano.

Teólogo, atualmente exerce seu ministério pastoral no Peru. Jornalista profissional há mais de 20 anos, foi repórter nos jornais Diário Gaúcho e Zero Hora, e professor no curso de Jornalismo do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).